Um dia sorriste para mim. Proferiste as palavras que nunca mais me esqueci. Com aquela tua voz doce, sincera e comovida de tanto amor que te aconchegava o peito. Dizia que estavas prestes a chorar nos meus braços. Mas fizeste-te de forte, e, ao viraste para o meu peito, colocando as mãos sobre o meu, batendo de alguma maneira com força sobre eles, desejaste bem alto eu ser teu para sempre. Que em nenhum momento te deixasse só. Que te amasse como pessoa. Como mulher. Como mãe dos nossos filhos. Até que, me olhaste nos olhos e disseste a chorar: "És mais que um príncipe Pedro!". Foi a coisa mais profunda que me disseram. Lágrimas limpavam-me a cara. Os lábios secos ficaram tingidos de um vermelho vivo. As bochechas viraram cor-de-rosa e perguntaste como se fosses uma pequena criança. - Porque choras? - Choro porque te amo. Roubaste-me o coração nesse dia. E desde aí, foi para sempre. Levaste a manga aos meus olhos, limpando-os com delicadeza. Então no meio deste limpar, sorrateiramente deliciaste-me com um beijo teu. Um beijo doce, calmo e amoroso, capaz de me fazer arrepiar de tão profundo que foi. Peguei-te na mão, sorrindo disse: - Vamos comer, o sol já se põe. Retorquíste com um sorriso e um sim com a cabeça, virando o olhar ao chão. Contemplavas-me o olhar. O olhar que observava o horizonte. O futuro que não via, mas sentia-o no peito, como quando o vento me bate na cara.
Lembro-me bem deste dia. Hoje não estás cá para recordar. E por isso escrevo-te esta carta. Este gosto por ti colocado em letras, para colocar no teu caixão, meu grande amor.
Começaria por explicar o meu nascimento. Ou pela minha louca paixão que um dia tive por alguém tão belo como Inês. A pessoa por quem eu eu fui "Até ao fim do Mundo". Certo, não desmentido as pessoas, nasci rebelde. Gostava do campo. Do verde das florestas e do ar estranho de cheiro a pinheiro que cheirava no seu interior. Crescia feliz. Sem saber o que era ditar regras, mandar. Mas, sempre me fez imensa confusão tudo aquilo que o meu pai fazia às pessoas. E não conseguia perceber porquê. Com 8 anos, abria a porta do quarto bem devagar sem fazer qualquer barulho. E saia a correr, depois de verificar que toda agente estava a dormir. Corria como um maluco a ser perseguido por lobos. Corria para o campo. Adorava ver as estrelas por entre as árvores. Ver o céu completamente negro. Apreciava os momentos em que as estrelas raspavam no céu, deitando faiscas à sua passagem. Admirava-as. Ali, completamente espetadas no céu. Olhando cá para baixo. Oh. Adormecia no manto de folhas previamente preparado, chegando a acordar depois de toda agente já estar com os seus afazeres. Sobressaltado, corria, limpando-me de alto a baixo, das folhas húmidas agarradas ao meu corpo. Corria o castelo por esconderijos e passagens estreitas. Fugia em direcção ao meu quarto. Pois àquela hora do dia, andava tudo novamente preocupado pela minha segurança. O meu pai. Tinha acabado de enviar os seus guardas fieis à minha procura. Não tivesse eu sido raptado ou algo que lhe tirasse o único filho que tinha.
Um começo bem aliciante...
ResponderEliminarFico á espera demais!...
(.
*de mais
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