"Diz-se haver no norte de Portugal um rio cujas águas roubam a memória." Também há histórias que permanecem escritas em papel durante algum tempo, mas que rapidamente se desintegram com o tempo, ou os bichos se encarregam de comer o que resta das suas folhas. Outras são cravadas na pedra e por lá ficam durante umas centenas de anos até que o tempo gaste o que lá foi cravado. Outras histórias, essas, ficam para sempre no peito, como a nossa língua materna nos fica na ponta da língua.
Na manhã do dia 8 de Abril de 1320, numa cidade chamada Coimbra, ergue-se um nevoeiro cerrado. Impossibilita a visibilidade para qualquer caminhante ou carroça que se fizesse à estrada. O ar, húmido e frio, lá se ia encaminhando para os becos negros por entre as casas quase coladas umas às outras. - Nasceu! É um rapaz. - Gritava uma parteira que assistia Beatriz de Castela, no nascimento do seu filho. O Rei Afonso IV, deu uma rápida corrida até aos aposentos onde a sua mulher deu à luz. Um médico e dois guardas impediram-lhe a entrada. - Exijo ver o meu filho! - Grita numa ansiedade descontrolada, enquanto se gesticula, tentando libertar-se a todo o custo dos dois matulões que o impedem de ver o seu filho. - É um rapaz senhor. Tentai ter calma senhor, em breve irá tê-lo nos braços. - Nessa manhã o rei dirige-se novamente ao quarto da sua mulher para satisfazer o coração, vendo o filho e se puder, pegar-lhe ao colo. - Que nome lhe vamos dar? - Diz a recente mãe e também princesa de origens castelhanas ao seu amado rei. - Pensei em Pedro. Que achais? - Pedro? Bonito nome. - Sim, será o primeiro!
Os dois, deitados na cama com Pedro no meio, vão sorrindo, olhando nos olhos um do outro, como se conseguissem ler os pensamentos um do outro.
Fora do castelo, a manhã era só mais uma. Mais um dia tranquilo, um dia rotineiro. O nevoeiro já ia alto quando o galo desperta para ir fazer as honras aos camponeses que trabalhavam para as terras do rei. Continuava-se as colheitas, o lavrar das terras com as enxadas, outras usavam os arados para levantar as terras negras plantáveis. O filho mais velho, João, abria caminho à água para que esta regasse e saciasse a sede às plantas cultivadas para serem colhidas no próximo verão. Matilde, irmã gémea de João cuidava dos irmãos mais novos, enquanto o Pai trabalhava no campo ajudado pelo filho mais velho. A mulher cuidava dos animais. Com a hora de almoço a avistar-se, tinha de rapidamente preparar o almoço.
Ok. Eu sei que isto pode ficar melhor. Mas é só uma tentativa de dar um começo à historia do livro que quero escrever. :/
desta vez, as coisas vão-te sair ainda melhor do que estás à espera. por vezes, quando essas coisas acontecem, e ficamos sem nada, é só mais um incentivo para tentarmos fazer melhor.
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