A feira é o canto das palavras. O canto onde se compra, dá-se de comer aos olhos e se conversa sobre o que se passou na semana. Basta parar por um bocado e olhar à volta e vê-se 60% das pessoas a comunicar, a partilhar informação, palavras, ideias, acontecimentos. E assim se faz a feira.
Entre negócios e palavras se preenchem as primeiras horas da manhã. A cada dia se vez menos gente na feira, a cada dia se nota na cara de quem vende a falta de clientes, a falta do dinheiro a cair-lhe nas mãos. As suas caras deprimidas e a perder o animo. Nota-se. Nota-se em quem vende e em quem compra. Já se apenas compra com os olhos, com meias palavras e sorrisos. Mas a feira é mais do que isso. É o ser humano em pura interacção, num gesto de partilhar aquilo que cria, seja dos pitos aos galos, dos patos às aves raras, dos periquitos aos pássaros de companhia. Da fruta ao peixe, da carne às flores, do sorriso aos bolos deliciosos.
A feira começa a ser trocada pelos centros comerciais, aos poucos. Mas até lá, ainda por cá ficará muitos e muitos anos. Afinal é o medo de gastar demasiado que nos faz reter em tudo. Até os centros comerciais já tiveram melhores dias. Veremos daqui a dois anos como estaremos. Prevejo que estaremos melhor. Direi de sorriso no rosto, porque quero que melhore.
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