sexta-feira, setembro 30

Vem a idade no final da vida mostrar-nos o que já fomos.

Vem a idade no final da vida mostrar-nos o que já fomos. Olhamos-nos ao espelho e vemos a pele engelhada. A cara com rugas, os olhos descaídos e sem qualquer vida. A cara morre e a idade passa-nos ao lado. As mãos ganham os calos da vida, e a vida morre com a saudade que nos fez sofrer. Calamos-nos. Ficamos-nos pelo silêncio dos quartos frios, olhando pela janela da nossa casa, sentados numa cadeira de madeira, como se esperássemos pela morte que Deus criou. Esperamos por um dia em que fechemos os olhos e voltemos a nascer. Voltemos a aprender a andar, a comer, a falar, a ouvir, a ver, e a sentir o primeiro amor. O primeiro beijo que se ficou pelo abraço do pai que morreu. Montras. É o que nos transformamos no fim da nossa vida. Montras de vidas, montras de memórias, de risos e lágrimas, de corridas, de loucuras e paixões. Têm o orgulho do lado de dentro e a saudade do lado de fora. A alma com o orgulho e o corpo já engelhado e velho com a saudade de ser de novo criança...

Sem comentários:

Enviar um comentário