segunda-feira, outubro 3

Somos como santos.

Somos como santos. Tomamos controlo das palavras e usamos-as como se fossemos guerreiros poetas. Vamos tão longe com as palavras, mesmo que saibamos que um dia vamos morrer, que não queremos largar as palavras que nos fazem sentir tão bem. As palavras que nos dizem que somos o que somos, que nos dizem o que fomos e o que podemos vir a ser. Podemos fugir, correr sem parar do que nos mete mais medo, mas são nestas palavras escritas em português onde o acordo ortográfico que tanto querem meter, que tudo se resume ao amor com as palavras. Ao amor que mais ninguém tem por elas. Porque não lhe sabem o gosto, não lhe sabem de cor as almas. Todos os que aceitaram têm medo de falhar, medo de se perderem no mundo que cada vez se fica pelo que os outros pensam e não pelo que o acredita e aguenta na alma com orgulho. Porque as pessoas já perderam o orgulho da língua que tiveram, da língua que estão a deixar perder. É um povo que se vai perder, uma língua escrita que durou tantos anos e que por uma razão estupidamente insignificante a estão a deixar desaparecer para sempre, só porque a necessidade de comunicação é precisa e para que seja tudo mais uniformizado, então que se comece a escrever tudo em inglês. A língua escrita permanecerá e não se perdem as línguas. Porque se os povos que não escrevem em português e sim em brasileiro se preocupassem mais com a ignorância e a grande separação que esses mesmos povos têm com a língua inglesa então não teríamos de perder a nossa língua, que nos é como uma mãe. Falo dos povos do Brasil  porque pelos vistos na união europeia pediu que os documentos tivessem escritos numa mesma língua em vez de várias e com várias palavras. Mesmo assim, portugal deixou escapar o orgulho e a velhice das letras, para regredir na ignorância... Não tenho nada contra os povos do outro lado do mundo, mas sou contra o acordo ortográfico. E não me digam que o unir de línguas é melhor, porque não o é. Se o fosse, já França teria feito o mesmo, Inglaterra teria feito o mesmo, e se quisessemos passaríamos todos a escrever espanhol visto que até são mais nossos irmãos os de cá deste lado do mundo do que os que estão longe.

Salva-te minha querida língua. Salva-te, foge deste mundo, porque parece que ninguém te quer ser fiel, parece que ninguém gosta do que foste e do que és. Foge, porque ninguém te quer dar uma morte digna. Quer-te antes trocar... Foge...

Haverá ainda alguém que se preocupará contigo.

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