segunda-feira, julho 21

Decisão difícil - A Eutanásia

Não sei como contar esta história.

Parte real, parte ficção...

É dificil para mim, falar sobre este tema. Porque em parte, quase fiquei numa cama, sem me poder mexer para o resto da minha vida.

Não, não estou a chorar, nem penso em fazê-lo nesta pequena historia.
Vou tentar manter o meu raciocínio. Talvez aquilo que vai ser mais dificil fazer, é a historia, mas isso tirasse em "Os Casos da Vida".

Eu e a Inês, tinha-mos ido há SportZone, comprar uma bicicleta de ciclismo.
Eu adorava ciclismo, assim como ela, mas era mais de passeios.

No dia a seguir fomos dar umas voltas com as nossas novas bicicletas.

Certo momento quando ia a subir uma estrada, ouço a Inês a gritar:

- Pedro! CUIDADO!!
- O que f.................... (PUM, traz, clsahs, scri....)

Eu fico imobilizado no chão. Não me consigo mexer. Começo a ficar sonolento.
Desce da sua bicicleta e tira o capacete da cabeça.
- Pedro estás bem?
- aa...aaaa.............
- Pedro por favor fica acordado, fala comigo. Pedro!!!

Depois de chamada a ambulância, levam-me para o hospital onde fico nos cuidados intensivos. Estou com uma soneira que nem sinto o corpo. Parece que ficou dormente.

- Como é que ele está?
- Eu acho que ele não tem possibilidades de voltar a andar.
- Oh meus Deus. Não existe mesmo nenhuma?
- Não, infelizmente ele irá ficar paralisado numa cama, para o resto da sua vida.
- Não. Não, nãooooooooooooooooooooo.
- Ele precisa de si neste momento, ele está a passar por uma fase muito dificil.
- Posso ir vê-lo?
- Não, ele tem de repousar.
- Mas eu preciso de vê-lo.

Entra no quarto onde estou deitado com um colar cervical.
- Que fazes aqui?
- Vim ver-te meu amor. Ó Pedro :(
- Sim o médico já me disse tudo.
- Pedro, eu estou aqui para te apoiar.
- Não! Sai daqui. Tu já não gostas de mim. Sai!
- Pedro, eu sou tua namorada, eu amo-te, és a pessoa que eu mais quero na vida, a pessoa que eu amo do fundo do meu coração. Eu amo-te Pedro, já mais poderia viver sem ti.
- Vai-te embora. A sério.
- Não vou Pedro. Eu quero ficar aqui contigo.
- Eu não me posso mexer, ainda não viste isso?
Eu sinto-me morto. Para que queres uma pessoa praticamente morta?
- Eu amo-te Pedro. Tu és me tudo.
- A sério Inês, vai-te embora.
- Pedro, eu estou aqui ao teu lado para lutar contigo esta dor que carregas nos teus ombros.
- Inês tu não me podes ajudar. Eu estou preso nesta cama para o resto da minha vida.
Eu já estou parcialmente morto.
Eu quero morrer Inês, quero acabar com esta dor. Eu não aguento mais esta parelesia. :(
- Não, não. Ela sai a correr, e a chorar.

Passei uma semana, sem a ver.
A única coisa que consigo ver, são a cara dos médicos, e o tecto que não tem fim.
Não sentia nada. Estava completamente morto. Apenas o cérebro é que parecia não estar paralisado. Não me podia mexer. Aquilo que era tão normal para mim tinha perdido.
Sentia-me mesmo morto, tinha a tristeza a fazer-me a chorar constantemente.
As enfermeiras, ficavam mesmo ali ao meu lado a tentar acalmar-me.
Gritava como um maluco a perguntar-me porque é que tinha de ser aquele acidente e não outro ainda menos grave. Sei lá numa cadeira de rodas, mas pelo menos mexia alguma coisa. Não aguento mais acreditem. Quero morrer. Quero morrer.

Os pais da Inês, muito devotados há igreja, rezam todos os dias, para as minhas melhoras.
A minha mãe rezava praticamente a todas as horas.
A Inês deixou de ir á Universidade por minha causa.
Ela tem ficado horas e horas agarrada á minha mão.
Quando ela o faz, só me apetecia poder retribuir-lhe o amor que me estava a dar.

Numa noite, acordo-a levemente e digo-lhe esforçando-me para me mexer.
- Inês vai para casa dormir, anda lá, aqui não é um bom sitio para se dormir.
- Não faz mal Pedro, eu estou bem.
- A sério vai para casa.
- Tá, beijinhos até amanha meu amor.
- Xau, dorme bem.

Na manhã seguinte, eu sofro de ataques de falta de ar.
Quando se está na mesma posição durante dias o corpo começa a comprimir-se cada vez mais.

Eu estava a piorar e a ficar mais fraco a cada dia que passava.
Eu comentava com o meu irmão e com um amigo, sobre a eutanásia.
Eles diziam que em Portugal era Ilegal.
Eu só queria morrer, queria acabar com aquele sofrimento. Eu já não aguentava mais estar sem me poder mexer. Eu dormia horas e horas seguidas só para tentar enganar a dor, mas era em vão.

- Inês quero morrer.
- Pedro não digas isso.
- Eu quero morrer Inês. Eu quero acabar com este sofrimento.
- Sofrimento? Então e eu? E as pessoas que gostam de ti? Já pensas-te no seu sofrimento?
- Sim Inês. Mas eu já estou morto.

Numa conversa com o meu irmão:
- Inês se tu não te sentires á vontade para o fazer, faço eu.
- Não. Não podes fazer isso.
- Inês, é meu irmão, eu entendo o sofrimento dele. Eu quero que ele pare de sofrer.
- Não, Paulo, não faças isso.
- É teu namorado, mas como irmão, não o posso ver sofrer desta maneira.


No quarto de Hospital:
-Pedro, é mesmo isto que tu queres fazer?
- Sim quero.
- Não sei se consigo fazer isto Pedro. Tu significas tudo para mim. Não te quero perder.
- Inês tira-me a mascara de ar. Ela retirou-a. - Amo-te Inês.
- Amo-te Pedro.

Beijamos.

A máquina começa a apitar, começo a sentir falta de ar.
Ela olha para mim com aquele olhar de culpa e de despedida.
Começo a perder os sentidos, e adormeço, num sono profundo sem sonhos.

Ela acabou com o meu sofrimento, pelo amor que tinha.
Ela sente-se culpada por o fazer, mas sabe que era a melhor opção.

Ela mais tarde comete suicídio pois não aguentava estar sozinha.
Ela só me queria a mim e só a mim. Ela tinha uma vida tão boa, mesmo sem mim.
A família apoiava-a em tudo. Não sei porque é que o fez.

Não sei como acabar esta coisa.
Talvez com um testemunho meu? Ya porque não, eu sou a melhor pessoa para o fazer.

Então vamos lá escrever sobre o assunto, já que eu já estive para fazer esta decisão na minha própria vida. Sim acreditem que tive a 3 milímetros de me questionar sobre isto.
Já me imaginei na situação de estar paralisado numa cama. Realmente é bastante dificil.
Qual seria a minha escolha? Talvez quisesse viver mais umas semanas, ver todos os meus amigos e familiares e depois queria morrer. Sim sem dúvida que era o que eu queria.
Porque estar numa cama desde os 15 anos, acho que é estar a sofrer demasiado cedo. Nem deu para eu me conhecer e viver a juventude. Sempre vivi com o medo de ficar numa cama.
Não era o de ficar numa cadeira de rodas, era mais de ficar numa cama sem me poder mexer, que para mim era o pior.

Perder toda a minha juventude por causa de um estúpido acidente de bicicleta.
Mas onde é que já se viu morrer desta maneira? :S
Perdi a minha vida, os meus pais, o meu irmão, a minha família. Já não podiam fazer nada sem se preocuparem comigo. Estavam sempre comigo na cabeça, eu queria morrer mas eles não deixavam, mas eu queria morrer, eu não aguentava. Se de qualquer maneira eu me pode-se mexer um braço que fosse, eu matava-me. Acreditem que era o que eu fazia, sem questionar o sofrimento dos outros. Eu não seria eguista, eu estava a acabar com aquilo que eu sabia que não tinha forças para batalhar.

Eu quero que a Eutanásia seja legal para este tipo de caso.
Mas apenas se a pessoa quer morrer. Não é matar porque a familia quer. Ele é que deve dizer se quer morrer ou não. Eu digo Sim á Eutanásia.

Eu acho que só uma pessoa que passou ou esteve quase ou está nesta situação ou piores, é que deve dizer se sim ou não. Não é a religião que manda no que eu quero ou não para mim.
Não é Deus que me diz o que fazer. Não é ele que me tira a vida, sou eu mesmo se o quiser fazer. Se tirarem a religião deste caso, fica mais fácil viver acreditem. =)

P.S: A ideia para esta história, foi retirada da novela "Os casos da Vida".
É quase semelhante, mas mudam algumas coisas. E mudam atitudes de personagens e o desenrolar da história não é o mesmo que na novela. Tentei mudar á minha maneira, de como ficaria melhor, mas a maneira que a telenovela quis demonstrar e passar, também aceitei, apenas de ter sido assim de chapa, mas até achei giro falar sobre este tema. =)
Os actores representaram muito bem. Merecem o aplauso do público por uma história tão bem protagonizada. PARABÉNS! O tema era a "Eutanásia", é pá eu gostei de ver, principalmente ver o que as pessoas sofriam por uma outra que já não tinha vida.
Foi dificil para mim viver aquilo. Foram muitas emoções, apesar de estar muito á português, mas gostei. =)

1 comentário:

  1. Adorei .
    As palavras e a forma como escreves tocam bués .
    Continua sempre .
    beijos (:

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