Procuro uma luz.

Os dias são cada vez mais curtos, cada vez mais preenchidos com preocupações deixando-me sem fôlego para respirar, sem vontade nenhuma de sair para me ir divertir, ou pelo menos se a vontade para me divertir é muita penso sempre que a falta de dinheiro me impede de sair e ter um dia de voltar a carregar as baterias, tanto do coração como do próprio corpo que me mantém em pé. Talvez ainda me reste um bocado de ânimo para me sustentar das dores, das preocupações que me invadem a cabeça.

Os amores parecem-me mortos, já não são os mesmos. A vontade de sair e ir dar uma volta é muita, mas sem o dinheiro necessário para realizar a actividade corta-se logo um sorriso ou dois. A chuva então ajuda a que fique em casa o dia todo, saindo só para fazer as compras necessárias, como o pão e o comer que se janta ou almoça.

Procuro uma luz. Eu ando a segurar com bastante força o mastro do barco, mas acho que quem o rema não sabe para onde ir, ou então estão de olhos fechados. Sinto-me perdido num mar azul, num imenso mar azul que outrora era tão limpo e cheio de vida, tão cheio de novos horizontes, novas oportunidades. Mas agora... Agora parece que o nevoeiro de D. Sebastião veio com bastante força ocupando toda a visão do mar que tantas vezes nos deu oportunidade.