A experiência...

A experiência que ganho todos os dias, é como comer sempre alguma coisa nova. Como colocar uma pêra nova na boca de cada quinta que Portugal tem por colher. É pela janela que permanece ainda intacta com os vidros a tremer da trovoada solta pelas nuvens a cima dos telhados das casas da rua, ouço e vejo o céu tremer e chorar. Salpica o mundo que não lhe sai debaixo. Não lhe larga a mão. Fica o mundo a segurar a mão à chuva e trata-a com cuidado. Dá-lhe o carinho na bochecha que o céu esconde de vergonha e medo de a sujar com terra. 

Agarro novos sorrisos, novas palavras em livros, novas imagens estampadas em camisolas. Roubo olhares, temo a queda da lua sobre nós. Agarro-me ao que mais tenho de especial. À noite agarro-me com força à almofada e fico a pensar no amanha que demora, no amanha que vai ser tão diferente e tenho tanta pena que o dia de hoje amanhã não possa ser igual. Que o amor no coração esteja mudado e mais forte e só para isso vale a pena continuar a lutar por um futuro melhor. Dar-lhe a mão e sorrir ao seu lado. Sentir-lhe o cheiro nos cabelos e o sabor ao morango nos lábios.

Resume-se a isto. O amor já não existe nos livros, já não existe na televisão e as pessoas parecem hipnotizadas pelas coisas que menos importância tem. Porque um livro é sempre um livro, uma novela é sempre uma novela. Um jogo de futebol sempre tem a sua emoção, mas no fim é só mais um pedaço de papel em branco porque a tinta ainda nem lhe escreveu nada. Nunca lhe escreveu nada porque o coração nada lhe tem para dizer. Porque não é o telejornal, ou a telenovela que diz ao coração o que sente no estômago, que as mãos treme ou ficam suadas sempre que pensa na fêmea coração. 

Falta ao mundo um pouco de paixão. 

Um pouco de amor no coração.