segunda-feira, março 14

No que nós nos tornámos...

Pensei. Durante muito tempo. O tempo de ainda ser criança. Nessa fase, têm-se tudo nas mãos. Pensei sobre  o homem que eu tinha de me tornar um dia. O sol, um dia, apareceu diante da minha janela e obrigou-me a fechar os olhos. Fiquei cego, nesse instante. Por muito que o calor me batesse na cara, e mesmo que o vento lá fora se fizesse ouvir, não conseguia ver. E por isso, deixei-me ficar, até que fechei os olhos e deixei-me por ali ficar. A vida é curta, mas isso já eu tinha a ideia. Chateamos-nos e, com nada disso nos devíamos preocupar. Devíamos ser sinceros. O mais profundos possíveis. Sinceros na nossa maneira de também sermos animais, por termos instintos. E a sociedade, ou aquilo que tentamos manter como o "para o bem da comunidade", ou o "eticamente bem falado" levou-me a pensar que um dia, iríamos perder o lado instintivo. Perdendo assim, aquele carinho especial pelas lindas flores à borda da estrada ou o verde dos campos. As florestas iriam apenas servir como "zoo\ museu". Servia vista apenas como uma coisa necessária para a nossa existência. Deixaria de ter o maravilhoso, pois não nos importaríamos com a natureza, porque nós controlaríamos a natureza, ou construiremos uma.

Para ser sincero. O amor é apenas um acto sexual que não chega muitas vezes a ser realizado. E por gostarmos de outras raparigas ou rapazes, nada tem mal com isso. Não fomos feitos para casar. Casamos porque temos necessidade, ou porque assim sempre vivemos com isso diante dos nossos olhos. Porque é assim que as coisas são bonitas. Porque lá houve algum homem que não gostou da ideia de ter a mulher partilhada. Lá que ganhamos consciência, não quer dizer que ganhamos inteligência. Ganhamos burrice. Aprendemos a viver mais tempo, para passar-mos mais tempo a tirarmos do nós, o que dizem ser mau, ou que nos dá um ar animal. Um dia, terei medo de não poder ter a consciência do que me é instintivo. Como o de querer "procriar" com outras fêmeas. Só porque o instinto nos chama a razão, não quer dizer que o façamos. Mas aí já estamos a deixar que o "isso é mau" mande nos corpos.

No que nós nos tornámos...

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