sexta-feira, outubro 15

Era cedo.


Era cedo. Sabia-o por olhar para o céu, e conseguir ver o nevoeiro no ar. O orvalho ia agora dissipando-se com a vinda dos primeiros raios de sol que se enfiavam pelos buracos das nuvens negras. O céu, deixara à uns largos dias de ter aquela cor saudável. A cor negra dava-lhe ar de doença, de coisa feia e fria. O único azul que se via na paisagem, era do pequeno lago ao fundo da casa. O conforto da cama aconchegava-me cada vez que olhava pela janela, ouvindo o som da trovoada vinda lá de longe, por trás das montanhas verdes. Fazia-me calafrios no corpo cada gota que esbarrava contra o vidro. Os lábios, ficaram-me frios, colados um ao outro.

Ouvi a minha mãe chamar da sala de jantar. Vesti o pijama com arrepios por causa do frio que se fazia fora dos cobertores que me cobriam e, desci em seguida. Mergulhei os pés descalços no enorme tapete que tapava o corredor do meu quarto à sala de jantar. Não corri, caminhei calmamente, sentindo o macio do tapete nos meus pés, a sensação gorda na barriga a ranger da fome.

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