segunda-feira, novembro 23

Peguei no cigarro...


Peguei no cigarro. Enrolei o cachecol à volta do pescoço, vestindo o colete de seguida. Embelezei-me de perfume e dei uma sacudidela no cabelo, pondo-o mais à vontade com os ventos que se ouviam da rua. Os anjos já estavam prontos para me encherem de adrenalina, esperança e colocarem-me sorrisos bem guardados num dos bolsos do casaco, para o caso de um ou outro falhar. Não queria coisinhas perfeitas, apenas uma coisa simples, fácil e que desse para ver beleza e que reflectisse alguma masculinidade e que ao mesmo tempo que dissesse que tinha cuidado com a aparência, não pelos outros, mas por gostar de me sentir limpo e saudável. Desço a avenida com as mãos nos bolsos, mangas do casaco arregaçadas. Olhava, e pensava, nos momentos que aconteciam ao mesmo tempo que o meu passado fosse diferente do que foi. Se as escolhas tivessem sido outras. Mal consigo pensar num futuro onde não me sinta a viver alguma coisa... Alguma coisa que me faça sentir vivo. Não me consigo ver a não viver essa vivência, energia destemida e sem medos agarrados aos cabelos. Encontro o meu iPod nos bolsos das calças, nem me tinha lembrado que o tinha ali colocado. Retiro-o com cuidado, sem danificar os phone, ando para a frente algumas músicas e decido parar quando começo a ouvir algo que me começa a levar o espírito a outro patamar.(David Tavare - Hot Summer Night)

Era tímido, sou tímido. Parte de mim, ri-se cada vez que alguém passa por mim, outra parte apenas se esconde com o que pensa e quer fazer nesse exacto momento. Estou pronto para controlar os suspiros, e todas as lágrimas que tentarem sair de dentro de mim. Entrar nas lojas, sair satisfeito, mesmo que não tenha comprado nada. Ver a vista e aproveitar para dar uns piscar de olhos e uns sorrisos marotos. Soltar um sim, ou de repente dizer que não sei, ou mesmo que não. Negar e dizer que sim. Voltar a repetir o processo para tudo e mais alguma coisa. Desejar e ser feliz. Voltar a desejar que não, e voltar a ser infeliz... Esta ultima parte não se repete.

Eram ilusões, preconceitos e atitudes menos boas... Roubavam-me a pessoa, escondiam a alma que era minha. Trocaram-me por outro. Desilusões todos nós sofremos, pensava eu é que era o único a sofrer disso. E preocupar-me tanto e não via o que realmente era digno de ver. Tão preocupado com o não sei o quê, e não via para a frente.

E mesmo que aquilo que reveja vezes e vezes sem conta não seja do mais espectacular que poder haver, não quero saber. Vi com clareza o que poderia ser, mesmo com todos os imprevistos possíveis e imagináveis.

3 comentários:

  1. Ai Pedro, rejuvenesceste.
    Sinto-te leve como uma pena, saida de uma pequena almofada, depois de uma luta com amigos em que se soltaram risadas.

    Senti cada bocadinho, quase que te vi e me vi a descer a avenida e a deliciar esses momentos... Foi como se tivesse sonhado acordada :)

    Maravilhoso. Aplaudo-te :)*

    Beijinhos

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