domingo, setembro 20

Não te irás esquecer de mim.

Não te irás esquecer de mim. Em vez disso sou eu que te vou esquecer. Para isso vou arrancar o meu coração a toda a força do meu interior, levando com ele todas as recordações que em mim habitam.
Atiro-o ao chão, deixando-o à mercê do vento, do frio, e das chuvas ácidas que pairam sobre ele dias sem fim. Deixo-o para trás, e consigo ver-te a correr em direcção a ele para o apanhar e acalmar-lhe o folgo de tanta gritaria que este já faz. As tuas mãos, o meu coração a falhar.

Pegas-lhe ao colo e fazes-lhe festas e cantas para ele bem baixinho. Com o toque das tuas mãos no meu coração, sinto um calafrio no buraco onde estava o meu coração. Caio de joelhos, e lá vens tu a correr para mim, acarinhando e fazendo o tal símbolo vermelho parar de gritar. Atiro-me contra o chão. Viras-me de barriga para cima, e com cuidado penetras-me com o coração silencioso. Inspiro profundamente, como se tivesse ganho vida pela primeira vez.

Levantas a minha cabeça. Como se de fraqueza estivesse a ser atacado, e dizes-me com a mágoa no coração, e o choro a correr pelo teu rosto, afectando a voz...
- Bela... Tu... Estás de volta.
- Eu não me ia embora, não te deixava. A culpa é minha, devia ter voltado logo.
- Talvez. Seja... Seja melhor assim.
- Não é verdade, vais ficar bem. Estamos juntos, e vai correr tudo bem, vais ver.
- Pelo menos, pude ver-te ainda a tempo.
- Não, não, peço-te. Por favor, não me deixes... Eu amo-te! - Em tom de choro.

Eu nada teria se vivesse sem ti.

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