quarta-feira, agosto 12

Patinho feio.

NAAAH.. by =hoschie

Sou um patinho feio, tanto por dentro, como por fora. Não sou nenhum cisne, nem estou a caminho de o vir a ser. O vazio que sinto é maior que a beleza que dizes que tenho. É um buraco no meu coração que não se consegue tapar com palavras meigas e bonitas de dizer. O negro que me expõem é o mesmo que me mata cá dentro. Agarra em tudo o que é cor e pinta-o com bastante cuidado de uma negra e sombria cor.

Chamo a isto noite desmentida. Dor arrependida, amor incompreendido e intolerante por parte de imponentes pessoas que se elevam com outras. Momentos são fechados à chave, misturados na repugnância que ganhei na infância. refugiada a um canto está a minha personalidade. A ser alvo de criticas por parte do físico que a culpa e lhe atira pedras enquanto chora. Não tem culpa coitada, também não posso fazer nada. Que posso eu fazer?

Fecho os olhos, para não ter de ver os outros a olhar de mau humor para mim. Fecho os olhos aos outros, para que não tenha de me sentir incomodado e colocado de lado só com os olhares de mal criado e imperfeito. Tenho de ouvir o que estes dizem a meu respeito, não tenho escolha. A imaginação pára muitas vezes à minha frente a olhar para mim, em silêncio. Pousando a sua mão no meu peito. Sente o meu coração bater com força e com batimentos desentendidos. Sinto-me aborrecido o tempo todo. As confusões que os outros fazem na minha cabeça.

- Os teus filhos são lindos.
Mentira!!! Penso eu.
- O teu filho é lindo.
Mentira!!! Digo eu.
- Mas és lindo por dentro.
Mentira. Digo eu.

As mentiras continuam, e tal coração já se habituou às suas existências na sua vida quotidiana. Se nunca o fui, nunca o serei em nenhum momento da minha vida.

Sinto-me como o gato da imagem. Gostar de ser invisivel, ou de não ser alvo da atenção das pessoas. Parar de ouvir pessoas a falarem. Seja bem ou mal de si. Com dores nas articulações. Uma dor invisível, tal como aquela dor e vazio que se sente quando se acaba ou se perde alguém. Desejar bem lá dentro, ser apenas normal.
Crescer e viver sem ter de ouvir o coração gritar mais alto que as vozes que me vão na cabeça. Sentir o silêncio a ecoar nos tímpanos.

Fugir para longe. Longe de todas estas definições que me atormentam a delicada alma de criança que ainda reside em mim.

Quero esquecer. Porque o peito, esse, já me dói.

5 comentários:

  1. O Gatinho é bastante fofinho *.*

    Elo.

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  2. Não digas que és um patinho feio, ou melhor, diz, mas não acredites nas palavras que saem apressadas da tua boca.
    És diferente, que mal tem isso?
    Esquece as vozes, acalma o batimento cardíaco e respira fundo.
    Acima de tudo nunca te esqueças que não estás sozinho!

    (foi o que me disseste à umas semanas)

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  3. Olá, se todo patinho feio fosse como você, ou ao menos tivesse a capacidade intelectual que tens...
    Estive assim, mas quer saber, não vale a pena, não há nada mais importante que o reflexo do seu espelho!!! Pra cima...
    Mesmo de longe admiro teus textos, voce sabe...
    me add no msn, marcoshumanus@hotmail.com

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  4. Esse vazio de acabar, é como se de repente ficássemos sozinhos no mundo . Em resposta ao teu comentário, já foi maior o vazio, agora é só dor que de vez em quando bate forte, mas passa.

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