sábado, agosto 29

Continuação

Inês surpreendida com a habilidade do rapaz do livro, depressa se tornou claro na sua mente que também queria tal habilidade. Tentava de forma exaustiva fazer o mesmo, mas não com pessoas, apenas com os bonecos que permaneciam no chão. Leu por um bom pedaço de tempo, mais algumas páginas escritas à máquina, sentando-se bem devagar na cama.
Já cansada dos seus olhos verdes, e com a cabeça a fazer-lhe zumbidos nos ouvidos, decide parar. Decora a página, enquanto coloca um pedaço de cartão que encontrara no inicio do livro. Fecha o livro com extremo cuidado. Tratara o livro como se fosse um bebé. Sentia-se que o livro tinha magia. Sai da cama, em passo lento e aventureiro, dirigindo-se para a porta. Espeta repentinamente a cabeça fora do quarto, enquanto observa um pequeno corredor, coberto de uma alcatifa antiga, enfeitada com umas formas um tanto estranhas. Põem um pé fora do quarto e sente um calafrio correr-lhe corpo todo. Põem o outro também a jeito de não cair. Passa o livro para a outra mão e pousa a mão direita, num varão posicionado no lado direito. Dá passos leves sobre a alcatifa, na direcção da escada onde pára inerte sem saber que passo faz agora. Com cuidado, vai descendo as escadas bem agarrada ao corrimão do lado direito. A sua figura parece a de uma velha de bengala. No final das escadas, ouve vozes vindas de um sítio iluminado naturalmente. Ouve a voz de uma mulher. Segue a voz que atormenta o ar e encontra a sua mãe.
Fazem-se suar os pequenos pardais da primavera lá fora, no enorme jardim em frente há casa.
- Bom dia filha. Demoras-te a acordar. – Diz a sua mãe com um sorriso estampado no rosto.
- Mãe?! – Naquele momento ficou com um enorme vazio mental.
– Diz filha. - Mãe?! - Não sabia, mesmo o que dizer, ou sequer pensar. Não sabia quem era aquela senhora que a tratava por filha. Era estranho para ela. Algo não estava bem. Fez-se silêncio por uns dois minutos, enquanto ambas olhavam uma para a outra de olhar serrado a tentarem perceber que piada de mau gosto era aquela. Sem mais demoras Inês, diz: Há pois sim tu mãe desculpa. Não te estava a reconhecer, estás diferente não sei. – Deixou um grande sorriso de orelha a orelha no final da sua frase.

Senta-se num degrau, que dá acesso ao enorme jardim. Abre o livro onde o marcou e continua a ler a pequena história que a está a deixar intrigada sobre o menino e os seus poderes especiais.

“Sebastião? Vem comer, estás atrasado 5 minutos. – Diz uma das funcionárias do orfanato.
Sebastião sempre viveu num regime de horários e regras cuidadosamente pensadas e desenhadas. Sentia-se sempre preso nas ilusões e regras que os outros lhe colocavam nos ombros. Desceu para comer. Todos os meninos fitaram-no nos olhos, dizendo-lhe sem soltar uma palavra “Qualquer dia levas”.

10 comentários:

  1. Pedro, está fantástico! apetece ler mais, e mais! estou a gostar muito (:

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  2. Esta história esta muito fixe! Continua que eu espero para continuar a le-la :) *

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  3. O texto é de Margarida Rebelo Pinto. :)

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  4. ahaha e agora mente lá e diz que não gostas Rafa (a)

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  5. Claro que não fizeste, só não sabias. Beijinho *

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  6. Tenho um selo para ti no meu blog (: *

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  7. Sabes bem que mereces :)
    De nada , ora :D *

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  8. Oh, porque deveria ser? Tu escreves tão (mas tão) bem . Escreves com a alma, com o coração, como és e o que sentes. Ali, sem pudor e com uma realidade e verdade que faz com que o leitor consiga ver todo um ambiente à sua volta e chegar mesmo a pensar que consegue sentir o que sentes, identificar-se contigo. No fundo é o que todos, ao escrever, ainda apenas que como desabafo, procuramos. Que nos percebam já que doutra maneira ( pelo menos comigo é assim) não se consguem exprimir nem organizar e desvendar os seus próprios sentimentos. Mas tu fazes isso de uma forma especial, já o tinha dito.
    Apesar de não comentar sou uma leitora assídua do blogue. Às vezes fico é meia sem jeito e sinto que invado o teu mundo sem que peças para tal, ao comentar, e limito-me a ler e a participar nas sondagens :P

    Mas se há quem mereça és tu (: * Vais ser um grande escritor, acredito que sim . E digo isto porque o penso, mesmo. (ignorando a pontinha de inveja :P , sentimento ruim ) *

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