terça-feira, maio 5

Causas-me ataques de coração

Causas-me ataques de coração, quando te fechas no quarto e me proíbes de entrar no teu pequeno mundo, de paredes pálidas e os posters arrancados da parede, causando o efeito de fúria desmedida da tua pessoa num dia brutal de mau humor. Respiras tão fundo que te ouço deste lado da porta, enquanto escrevo com o único lápis que encontrei no bolso do casaco que me ofereces-te nos meus 20's anos.

-Pensei que soubesses o porquê...
-Porquê? O que se passa? Abre lá a porta, já estou a morrer de frio.
-Não!! (Diz a chorar)
-Inês abre a porta. Vamos conversar, deixa-me entrar para conversar-mos melhor. Vá lá meu amor!
-Não sei se devo. Não quero Pedro. Quero ficar sozinha.
-Ok, tudo bem, eu durmo no sofá da sala. Até amanha então.
-Boa noite.

Passei a noite completamente acordado, a pensar constantemente e a revirar-me na cama, com a pergunta na cabeça. Não sei o que aconteceu, o que se passou contigo. Fechaste-me a porta do nosso quarto e mesmo assim não mo dizes o que aconteceu. Às 6 da manha acabo por adormecer, e é nesse mesmo momento que decides abrir a porta do quarto. Vens ter comigo, e dizes-me que também não conseguis-te dormir nada a noite toda.

-Que se passou Inês? Conta-me, estou preocupado.
-Ó Pedro... Eu...
-Tu...
-Pedro eu tenho medo de te perder. És tão importante para mim.
-Eu também tenho medo de te perder Inês.
-Eu ontem fiz uma coisa que não devia e sinto-me tão mal Pedro.
-O que foi que fizeste Inês? - Não ficas chateado?
-Claro que não, conta. Eu amo-te independentemente do que fizeres.
-Eu curti com um gajo ontem na discoteca. (Começa a chorar)
-Ó Inês... - Desculpa Pedro, desculpa.
-Eu não sei o que te dizer sinceramente. Não sei o que dizer sobre isso.
-Desculpa Pedro. Eu amo-te. Eu fiz mal. Fiz tão mal. Estás chateado?
-Como queres que esteja Inês? E se voltar a acontecer?
-Não volta. - Talvez sim Inês. Eu dou-te tanta liberdade e ainda me fazes isto.
-Desculpa. Não volto a fazer o mesmo. Estava bêbeda.
-Bebe menos. - Desculpa, amo-te!
-Tá! Agora vai é comer e arranjar-te, que tens de ir trabalhar.
-Ok!! Beijos* :(

A discussão acabou ali. Não disse nem mais uma palavra o dia todo. Desliguei o meu telemóvel o dia todo. Não pensei mais no que ela me disse naquela madrugada. Saí e fui trabalhar às 9 da manhã, saindo mais cedo para ir refrescar a cabeça, na tentativa de conseguir acomodar-me no sono que não tive a noite toda. Saí do trabalho, cheguei a casa e a Inês já lá estava a fazer o jantar, era almôndegas com arroz e batatas fritas de pacote. Algo ia acontecer, eu conheço-a perfeitamente. Ia-mos falar novamente, mas fingi não saber de nada e continuar a conversar. o beijo na testa foi dado como todos os dias, o abraço forte de aconchego foi dado de seguida, sem qualquer problema e segundas intenções. Tudo estava calmo e ambos estávamos calados e a prestar atenção ao barulho do televisor bem ao fundo da cozinha, na direcção da porta que dava entrada para a mesa de jantar. Acabou de fazer o comer e levou-o para a mesa, enquanto eu punha a mesa como de costume. Servimos-nos e começamos a comer. Ouve por fim um suspiro e uma pergunta a sair daquela boca tímida. "Queres água?" - "Sim, se faz favor" Respondi serenamente. -Desculpa Pedro. Fiz mal e não volta a acontecer juro-te. -Estás desculpada Inês. Para a próxima diz-me logo o que é em vez de andares a fechar-te no quarto. Tá? - Sim. Fica descansado meu amor.

Acabámos de comer, ela foi vestir o pijama enquanto eu fiquei a lavar a louça e a arrumar tudo na cozinha.
Entrei no quarto por onde parecia ter passado um furacão. Acomodei-me na cama. Ela vinha meio triste. Virei-me para ela e disse-lhe sem medir as palavras e o tom de voz: Que se passa Inês?? - Nada! - Então pára de choramingar, já passou, já la foi, queres-te punir e sentir mal? Já passou, não penses mais nisso, o que interessa somos nós. Anima-te. Debrucei-me ao comprido pela cama toda, de maneira que a conseguisse alcançar e lhe conseguisse dar a mão. Puxando-a para cima de mim, aproveitei o balanço dando-lhe um beijinho nas bochechas, para lhe mostrar o quanto gosto dela e acalma-la de vez. Fazendo-a sorrir assim.

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