domingo, abril 5

Beleza Inoportunamente só!

O poder que sai dos teus olhos... É tão lindo e maduro, como as mãos frias que transportas ao longo do teu branco e magro corpo. Que esperas tu? Por um sinal? Eu sou o teu sinal. Se não o sou, quero ser. Porque não me quereis como seu sinal? Sou demasiado ou pouco para ti? Que esperas tu afinal? Diz-me nos olhos. Consegues ver os meus? Tu que dizes que consigo falar com os olhos. Vá. Esses teus olhos encharcados de poder agora estão prontos para gritar bem alto à minha beira. Faz-o. Porque não o fazes? Olha a oportunidade a ir embora. Vai haver mais, mas será um grito tão forte como o que vejo nesses teus olhos brilhantes pelo sol atrás de mim? Pensa por um bocado e faz o que tens a fazer. Espero que tenhas esperança. E que não te arrependas.
Que posso eu ver neste mundo? Que posso eu fazer? Que me importa?
"O mundo é tão grande e com palavras torna-se tão pequeno."

Costumavas ser tanto, ser tudo. Olha no que te tornas. Tu apercebes-te do que fazes? Reparas? Parece que não. (olhando para o vazio) Pára, já disse! Afectas-me com tudo o que trazes, com tudo o que vestes, dizes ou fazes. Deixa-me de uma vez. Matai-me. Queres os meus pais. Pais que são meus desde que me conheço. Que queres tu?
Respiro o ar melancólico que se forma fora deste quarto. Sinto o tempo que não é tempo. Não é tempo porque não se vê, e é tempo porque se conta pelos dedos da minha direita mão. Os ares que me alegram desvanecem com este tempo. Um tempo de humidade caída ao relento do vento. O céu cinzento como as luvas que trago calçadas nas mãos. Tal como a capa que me cobre da chuva fria que cai das nuvens brancas e pálidas do oceano negro e escuro. As luzes que brilham. Com os seus 5 cantos,(as estrelas) que me impedem de ver o que está por de trás da sua magia encantadora. Quero ver. Não consigo.

Vejo-vos de fora, tudo é tão... Pensam que estou mal, que estou errado, que faço mal as coisas, mas enganam-se. São vocês aqueles que estão mal. É claro que nunca dirão que são vocês, nem eu que sou eu. Não esperem isso de mim, tal como eu de vocês já espero. Reflictam. Deixai-me abrir os olhos e ver que tudo isto que digo está certo. Deixe ver-me ao espelho toda a vez que pensar no sol. Cada vez que caminhar, que tocar, que respirar cada pedaço, cada metro cúbico de ar contido em todo o meu corpo. Fazê-lo desaparecer como eu quero que desapareça. Fazê-lo sentir que está errado quando pensa que está certo. Parai.
Tudo isto que vivo. É como estar a viver num mundo imaginário. Um mundo que espera que viva realmente o que sei que não posso viver. Viver na ilusão. Está tudo tão calmo. O vento sopra, mas não se ouve, o sol que me queima a face, tentando de uma vez queimar a retina dos meus olhos, os meus tímpanos a ficarem mais apertados, mais comprimidos. Tudo pára. Tudo fica claro por uns momentos. Houve-se o sossego, e a simplicidade das paisagens verdes que o mundo nos mostra numa indirecta expressão de culpa por cada vez que lhe tiramos um ramo.

1 comentário:

  1. Acho que sofrem as duas na altura na mesma porporção de tristeza. A questão é que quando vertes lágrimas, expeles o veneno que te percorre no corpo.E aí não desaparece o problema a tristeza, claro). Mas trata-la. E passa mais rápido. Quando não choras, não reages, interiorizas. Interiorizas, acumulas e emboras racionalmente sabes que não deverias estar bem a verdade é que estás. A tua avó morreu? E então? O teu namorado afinal não é bem só teu, sabias? O teu pai não quer saber de ti para nada e as tuas notas estão a descer a pique. E o que fazes? Sorris, dizes disparates, cantas e estás bem. Mas estás? ris, garagalhadas e gargalhadas aos montes. E quando paras de rir não sentes nada. Nada.
    O teu corpo está completamente adormecido. Não sentes a tristeza mas também não te alimenta a alegria. No entanto, tu vais rir muito e muito. E fazer tantas mais coisas de bom humor esse que comanda o teu corpo que não reage, que deixou de ter alma e passa a ser um depósito de carne comandado pela dissimulação da tristeza feita automato. Até um dia começares a chorar sem motivo algum e tu até estavas bem e nesse dia até estavas a ultrapassar tudo, todo esse jogo manipulado do teu corpo que desconhecias mas eis que choras e choras e choras. Vai chorar horas, horas a fio. Um gesto mecanico: soluças e vertes àgua sem sentimento algum. Choras. Choras e choras. Até adormeceres extenuada de cansaço envoltas nessas tuas lágrimas. Sofres por não conseguir parar e sofres porque não tens dominio algum nesse teu fraco corpo.

    E quando acordares sabes que não expeliste a amargura, esse veneno que circula em ti porque não estavas consciente do que fazias. Não estavas e não estas. Aliviaste só esse teu amontoado de peles que já não aguentava submerso em lágrimas. na realidade é só o mais egoísta dos orgãos: o coração. Quer tanto viver que se apodera de ti e expulsa essas lágrimas em que está submerso para poder respirar.

    E depois'? a tristeza deixa-a lá ficar na mesma. Até lhe dá gosto. Fala-se dele assim. Enaltece-lhe o ego.

    Egoísta.

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