quarta-feira, junho 22

Um momento...

Há um gosto. Um momento em que deixamos de ser pessoas normais e simplesmente passamos a ser alguém. Alguém que lá fora no mundo não o somos. Cá dentro, - quando digo cá dentro, digo mesmo aqui dentro, pelos blogs, pela Internet fora - somos alguém com poder nas palavras e não nas acções. Quem escreve, sabe bem o que quero dizer. Ora quando lançamos um novo texto, seja pelo prazer de escrever, seja pelo prazer de mostrar aos outros o que somos capazes de criar, ou até mesmo que sejam as coisas juntas ou não. Escrevo desde 2007 e a evolução da minha escrita é notória. Noto isso em cada texto que lanço cá para fora. Uns são melhores que outros, uns piores, outros nem por isso, outros são monólogos espectaculares que me faz pasmar. Há sem dúvida principalmente pelos blogs mais conhecidos, mais falados, aquele sentimento de que estamos ali todos para o mesmo, e só ficamos a conhecer quem lê também aquele blog de que tanto gostamos, quando essas pessoas comentam. E elas a nós, quando nós comentamos. Outros, deixam-se estar anonimamente escondidos pela sombra da Internet. Somos capazes de tanto, capazes de criar tanto e ser tanto, que nas nossas vidas reais, depois de o texto ser publicado e formos passear um bocado ao final da tarde, chegamos a casa e vê-mos a caixa de mensagens cheia de comentários, uns de apreciação, outros com as suas criticas mais ousadas que até faz bem para escrever ainda melhor. Aqui, posso ser conhecido como o rapaz que escreve textos bonitos ou feios, neste e naquele país, ou até mesmo na minha terra. Posso conseguir adquirir poderes aqui dentro, mas, assim que desligo o portátil e deixo tudo isto de lado, à mercê das ondas da net, deixo de ser um deus ou o escritor famoso na net e fico-me só pela vida simples. Onde ninguém me conhece pelo que escrevo, ninguém sabe que chego sequer a escrever, que tenho facebook, email e tantos outros serviços de interactividade social.

São os seguidores que nos tornam assim, com esta fama que na verdade não é fama, é um reconhecimento do publico em geral pelos nossos textos. Há tantas raparigas, mulheres que escrevem com aquele seu coração aberto ao mundo, onde se expõem, onde mostram o contentamento e descontentamento que têm com os homens. Os rapazes escrevem da mesma maneira, não conseguindo como é claro, escrever o amor, depositar o acarinho, ou, o precioso calor dos seus corpos - que as raparigas fazem tão bem - nas letras que escrevem. Gostava eu de um dia escrever com a emoção com que as raparigas escrevem. São como anjos, como se tocassem piano delicadamente, produzindo todos os sons que nos fazem sentir tão bem. A melodia que nos hipnotiza, que nos faz chorar. As pessoas gostam do que escrevemos. Admiram-nos a nós, ou será aos textos, ou à capacidade que temos de criar textos tão bons aos seus olhos?

Mesmo sendo eu quem manda no blog, que dita as regras dentro dele, posso acabar por perder seguidores ou leitores, só porque mudei uma música de fundo, ou porque o texto que lancei é tão mau que as pessoas não gostam. Os leitores começam a ter um enorme poder sobre quem publica os textos, porque esperam sempre por mais e melhor. A troca de ideias entre nós e quem nos lê e óptima. Gosto da ideia de que sou escritor e leitor de mim mesmo, assim como de outras pessoas que escrevem maravilhosamente bem.

Escrevo em vários blogs e nenhum deles me satisfaz mais que a minha cabeça.

4 comentários:

  1. Gosto bastante. A sério, gosto muito deste texto. Não fala de amor, nem é poético ou extremamente emocionante, mas adoro a maneira com que escreves, com que dizes o que pensas.
    E também me reconheço um pouco, em certas frases, nem todas, porque não escrevo tanto nem tão bem como tu... Talvez porque escrevo raras vezes... Mas vejo-me no facto de ter uma espécie de vida pela net que na realidade não temos, isto é, fora do computador.
    Se te conhecesse na vida real, tenho a certeza que iria apreciar bastante a tua companhia. :)

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  2. naaa, não escreves "normalmente". Quem escreve normalmente é quem escreve um ditado ou uma composição na escola. Tu, escreves bem :)

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  3. posso contrariar-te (só um pouquinho)? XD

    'Onde ninguém me conhece pelo que escrevo(...)'

    Não é bem assim, aliás a minha existência contraria-o. XD

    Agora mais a sério. Primeiro tu escreves porque gostas e decides criar um blog. Depois quando começas a ter seguidores ficas emocionado com a ideia de partilhar ideias e conhecer pessoas. E no final, pelo menos no meu caso, escreves fazendo por vezes a realidade irreal mas tentando sempre ser fiel a mim própria porque antes de escrever para quem me lê escrevo para mim. Mas o que eu amo mais ainda que escrever é ler um bom blog. E quando gosto, gosto mesmo e não é uma música ou um texto que me faz mudar de opinião...e acredita que é um vicio passar horas a ler texto atrás de texto sabe bem e descontrai a alma. (:

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  4. Quando se cria um blog há sempre uma motivação, seja ela mais revelada ou não nesse mesmo espaço... os leitores (comentadores) que nos seguem, e que até às vezes se conhecem na vida real ditam a importância que podemos ou não ter na realidade. Mas o que realmente vale é o que está dentro do espaço pequenino que cabe dentro das nossas mãos que criam o que escrevemos.

    De qualquer forma gosto da tua escrita, sincera e verdadeira. E concordo contigo, o mundo nem sempre está preparado para tal.

    Um beijo

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