sexta-feira, janeiro 7

Um dia, quando for pai...



Um dia, quando for pai, quero dar ao meu filho, a infância que deixei escapar por burrice e estupidez. Tudo porque pensei que tivesse tempo de a viver, e dou comigo, em cima do tempo, com este a fugir desse período a toda a velocidade. Sinto falta. Sim, oh como lhe sinto a saudade de andar descalço pela rua. Do sorriso estampado na cara das pessoas por me verem também sorrir. Ainda não aceitei que com esta idade, algumas vez estarei tão longe da infância. Enquanto a conseguir recordar, continuarei contente. Sentindo-me como um velho tolo, por quem a vida passou e este a nada lhe se agarrou.


Olho para trás e vejo caminhos que me esqueci de pisar. É verdade que hoje estou crescido, e que enfrentei todos os monstrinhos que me perseguiram durante anos. E agora sento-me, com os brinquedos que me tornavam tão criança. Das escolhas, obrigatoriamente agrafadas às folhas do futuro.

Um dia, quando tiver o meu filho, quero que este tenha um apetite por brincadeira exagerado. Que nunca perca a infância que lhe é garantida. Que a desfrute e a faça sorrir diante de si, quando for tão velho como eu. Que tenha fome pela vida terrena, que seja tão genuíno como o pai é. Que o seu sorriso rasgado lhe garanta a matança da saudade e do passado triste que poderá querer-lhe partir o coração aos pedaços. Seja ainda mais bonito que o pai, seja tão carinhoso como a mãe e neste seu meio, que não queira crescer depressa.

Que me pergunte: Para que serve isto? O que é aquilo? Como se faz isto? E aquilo? Tenha um coração curioso pelas coisas. E eu, terei o gosto de lhe ensinar as coisas que ele quer saber. 

3 comentários:

  1. Lindo post, como sempre. Tive saudades da minha infância...
    Imaginei como seria ter um pai!
    Obrigada Miguel, por aquilo que escreves!
    Nunca o deixe de fazer, por motivo nenhum...

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  2. Ainda bem que por fim acreditas em nós teus seguidores. Nem toda a gente mente por isso o que muitos de nós te dizemos é verdade, TU ESCREVES SUPER BEM, PEDRO!!
    Quanto ao abraço, se o quiseres é com todo o prazer. Eu adoro dar abraços :D

    beijinho*

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  3. claro que sim pedro. isso são conversas como eu digo "de fim", de despedida, ou quando vão dormir ou ter de fazer qualquer coisa! nunca vás por falinhas mansas!
    gostei do post*

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