Tira a mala debaixo da cama e arruma todas as tuas coisas. Leva tudo o que te pertence. Este espaço é meu, leva tudo, porque vivo com este pensar que não me deixa viver, nem esquecer o que tanto me faz sofrer. Não te vou dar flores. Não te vou dar os mimos que o sol me dá. Nem tão pouco, te direi que o teu sorriso é o mais bonito que já vi. Não vou, porque estaria a mentir. Só és linda às vezes, o teu sorriso só é bonito às vezes, e a tua voz faz-me arrepios no coração. Assombra-me as noites, em que ouço baterem com murros e ponta pés, na porta do meu quarto. Sinto como se o demónio fosses sempre tu, diante de mim. Como se fosse contigo que eu tenho que lutar.
Quero chorar, de insatisfação. Uma insatisfação que me causas. E, quando me dás a mão, sei que não queres que mais ninguém me toque, nem que mais ninguém me beije, me abrace, ou chegue sequer a roubar o coração do meu peito, nem que seja só por um simples cúmplice olhar. Tenho saudades de quando a solidão me atacava o corpo, meio morto, meio ferido. Perdido, é como me sinto muitas vezes quando estou contigo. Tudo tem de ser feito aos teus olhos, como se fosse a melhor coisa do mundo. Porque nasceste com esse pensamento que não me deixa viver como sempre quis. Não me esqueço dos dias em que me disseste que o sol é metade redondo, metade quadrado. E eu, tolo não fazia ideia. Gostava eu de querer ter-te conhecido melhor.
Sai do coração que não te pertence. Sai do que mais amor te deu alguma vez na tua pequenina vida. Gostavas de estar enterrada até ao pescoço dentro deste meu músculo vermelho que distribui o sangue sem nunca parar. Eu nunca parti nada teu, e tu sempre partiste o que mais de maravilhoso tinha. Dei-te as coisas que mais gostava de ter para mim. E mesmo quando a inveja e os ciumes de quando te entregava alguma coisa, sempre fiz questão de combater com essa deformação. Mas tu exiges de mais. Sempre irás exigir de mais. E desculpa, mas não sou capaz de viver com alguém que me tira os amores do peito por ter ciumes, e desconfiança nas minhas mãos.
Pior do que deixar de ter as minhas mãos a segurar no sítio o meu cobre coração, é cair em sofrimento por tua causa. Tudo o que eu tenho és tu e mesmo assim, teimas em achar que viverei contigo para sempre, obrigando-me num choro continuo de que tudo tem haver contigo, tens de estar em tudo o que faço e na realidade, nem sempre foi assim. Mesmo que sofra aos bocados...
Mesmo que tudo seja real, quero que tudo seja mentira. Porque vejo que te estou a magoar. - Já não me interessa. Lê, cala o bico, e nunca mais voltes a pensar nisto. Pois, poderei estar errado.
Que bom que tiveste a coragem de diser aquilo que tinhas medo! Muito bom!
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