domingo, janeiro 17

"Buliçosamente Frágil"


Tenho uma coisa que te pertence. Dentro de um frasco, rotulado de frágil. No topo de uma estante, onde a poeira hesita em pousar os seus pés, deixando a madeira marcada com as suas pegadas. Não pulo para cima de uma cadeira, nem me estico com enorme pressão sobre as minhas articulações, de maneira a alcançar o frasco que te contém em parte. Um canto de ti. Um presente teu, em troca do que em mim já está a morrer. Em troca para quando o meu, ferir mais do que deitar amor cá para fora, em formas estranhas e gratificantes. Trocar por este pedaço de carne morto, ou de pouca vida, sem a mínima honestidade. Inventei-me, e ninguém reconhece isso. Inventei-me porque não gostava do que via em mim. Inventei-me para esconder a minha presença. Não quero o teu coração dentro deste corpo. Não o quero. Sei que o mais possivel é mudar os sentimentos, e isso, isso eu não quero. Querer quero. O que não quero é que seja o teu coração. Ok, vou ser sincero, quero que o teu coração altere os bateres deste que já cá tenho. Dá-me uma chapada, bem dada no meio da bochecha, acordando o pensamento. Bate com intensidade no meu peito que já pouco sente o que expressas, de forma, a acordar o dito cujo cor-a-ção. O teu bafo, acorda o meu corpo. Consigo sentir a tua voz, junta ao meu ouvido, acompanhada de arfadas de ar quentes/frias.

Deixai-te ficar por aí, minha feminina figura, de olhar azul, envolvendo os lábios num acto sensível, acolhendo de olhares bem abertos, os momentos que se formam em sua frente. Tocai no profundo e pontiagudo espinho, que se me atravessa da pele, picando o meu mole e demoníaco coração. Não tenha medo, de o ferir, pois isso já ele sofre, quando menos espera, por minha causa. Não te preocupes com ele. Não tenhas pena dele, pois de mim nem eu pena tenho. É apenas um coração. Um coração num corpo mau, de uma mente doente e aldrabada com um tempo que mata. Contemplai a matança de um coração, aprisionado pelo tempo, castigado pelo presente, amaldiçoado pelo pior dos sentimentos: A solidão!! - Não vale apena lamentar e chorar sobre o tapete, se o sol não aparece para o secar.

Criei-te, porque tenho medo do que a real pode vir um dia a ser...

De onde vem a ideia? A ideia veio de uma camisola que vi, com a exacta (parecida) imagem que aqui coloquei. E eu apercebi-me. É mesmo sobre isto que tenho de escrever hoje. E agora que penso bem... O coração que afinal está dentro desse mesmo frasco, é o meu....

Porque, frágil é aquele que gosta, ama e protege, a alma presente no seu buliçoso coração.

3 comentários:

  1. Faz copy and paste aqui no blog e escreve neste meu comentário aquilo que te acabei de dizer :)
    Sabes o que penso...

    Dos melhores dos melhores^^

    Beijoca

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  2. Peter *.* tão triste e tão doce, mesmo teu ...

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  3. está mesmo bonito Pedro, está tão frágil querido +.+

    <3

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