quarta-feira, dezembro 2

Enquanto o mundo não tocar no chão...

Porque é que morres nos meus braços? Pergunto com as minhas mãos a agarrarem todo o teu corpo. Amparo-te a alma sentido o coração a desfalecer por completo enquanto vou chamando por ti. Nada poderei fazer se não deixar-te ir. Sinto-me a morrer a cada dia que não te toco. E tu nem me existes. Nem me sabes, mal me conheces, não me queres. Nem sabes a razão dos porquês. É como se sonha-se para sempre. E sempre que sonhasse nunca estaria a viver o que sonho. Como se fossem desejos pedidos ao magico para me os concretizar. E sei que não são possíveis, e todas as vezes que ouço o que todos dizem, mais penso que será impossível. Impossível com a vida que tive, que tenho e que provavelmente vou ter. Ouvir o que acabaste de dizer, é o que mais me mata o coração. Crio razões sem saber o que ao certo irá acontecer. Muito menos se o passado irá ser útil para o que o amanha me espera ou me traga.

Passeei com o meu interior a gritar tão alto. Ouvia-se do lado de fora. Asfixiava-me a cada momento que um pé se punha à frente um do outro. Empurro o ódio para junto do meu coração, pois é o único amigo que tenho neste momento. O meu coração bate com força, sentindo a adrenalina a sair de cada veia, a caminho de cada parte do meu corpo. Eu tento gritar... Mentiras a mais, pequena vida, pouco preenchida, é só mais um texto e depois irei embora. Também tenho uma história, que é mais pequena que a da vida de uma formiga com mais de 2 dias...

Podes encontrar-me aqui no céu, por favor, nunca me abandones. O que irá acontecer quando ela souber que é por ela que estou de olhos fechados, fazendo-me esquecer de todo o odor desagradável à nossa volta?  Acontece que mal penso nas consequências e em tudo o que pode vir a correr mal ou bem, não sei, não sei ao certo nada de nada do que espero saber. Ato a corda ao pescoço, é um falso pedido de socorro. Não é um pedido de socorro. Morro vejo a luz. Acordo digo adeus. Se pudesse deitar fora todas estas más memórias, todas aquelas pequeninas coisas que em mim me fazem drogar o organismo. Sinto-me como o mau de tudo o que aconteceu. De nada sirvo, ou de alguma coisa duvido ser bom ou capaz de conseguir chegar tal e qual como outros. Não sou inferior, mas também não me vejo lá no topo. Nem no meio, nem no fundo. Não me vejo. Choro, choro por todas as histórias de amor, de alegria e felicidade que escrevi e que nunca senti um único sentimento igual, ou pelo menos parecido.


Toda a falta que o meu coração tem de sentimentos cada vez que para no meio da rua.

Terá de ser assim? Terá, até que o que me atormenta sair desta mente cancerosa, demoníaca e doentia. Até à ultima gota da saliva que sair da minha boca. Por cada gota de sangue que se atrever de livre vontade a abandonar todo o espaço dentro de mim. Até todo o ar sair de todos os buracos dos meus pulmões. Todas as gotas de todos os choroso que iria chorar até à minha ida daqui desaparecerem sem que note. Todos os sorrisos façam o mesmo, todos os medos, alegrias, memórias, recordações, e tudo o que me faça ser pessoa com vida. Esvaziar e nunca mais voltar a encher.

Doente comigo mesmo, mas não tenho mais ninguém. Por isso dou tudo a mim mesmo, pois não tenho mais ninguém. É a mesma coisa que acontece cada vez que estou a dormir só penso "Deus, só posso estar a sonhar". Aguardo até que as vozes desapareçam. Não quero viver esta vida, mas ficarei bem, por uma ultima vez.

Enquanto o mundo não tocar no chão...

8 comentários:

  1. está tão lindo. sim, tu realmente tens talento! não consigo dizer mais nada, está simplesmente lindo.

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  2. Quantas vezes leio os teus textos e não comento por não saber o que escrever. Porque não há palavras quando o que lemos nao lemos, mas sentimos.
    Enche-te sempre de tudo de bom do que o mundo tem para nós.. Porque até no poço mais fundo sentes a firmeza de um solo que nos suporta.

    Beijinhos

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  3. Nem tenho comentado por não saber o que dizer, mas venho aqui sempre ler o que tu tens de novo. Pedro, esse teu jeitinho *.*

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  4. Mesmo que te sintas a morrer, numa tristeza profunda, abre o peito para o mundo e recebe aquilo que ele tem de bom para ti. Porque até no poço mais fundo tens a terra para suportar-te.

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