sexta-feira, novembro 13

Poeticamente falando...

cabezaborradoraby ~Katakhanes
Já não me lembro de quem disse aquela frase: "Palavras?! Leva-as o vento!" Creio que o mais perfeito seria trocar o vento por tempo. Não sei se faz sentido para alguém, talvez faça mais do que o vento. Se entendermos que o vento é apenas mais uma metáfora para um sentimento indestrutível cuja a ambição da pessoa que as ouviu, seja destruir essas palavras, ou esquecer-se delas para sempre. Dizendo ao outro: "Ei, não te preocupes. As palavras nada me fazem"

As suas palavras permanecem nos pensamentos que surgem sobre ela. A sua voz, destrói tudo o que me faz sentir alegria quando avisto uma menina... Quando ouço o seu nome, ou semelhante. Destruiu-me a vida, e agora que a quero recuperar (vida), não sei que perna terei de erguer primeiro para subir estas escadas.

Não quero saber, como é que isto vai acabar, nem interessando estou em saber por onde começar. Sei que o problema está dentro de mim, e enquanto não cortar a garganta e deixar sair todo o ódio, angustia, dor, amores apodrecidos com o tempo, todas as mentiras que ouvi e expus. Por toda a dor que causei aos outros... Irei apenas descansar até que todo o sangue que carrego dentro de mim, e que me faz ser o que não nunca foi capaz, saia de uma só vez. Pois já não mereço o sangue que carrego neste corpo.

Mostra-me o interior. O interior por onde a luz teme entrar e iluminar. Cortei. Jorra, suja, explode. É assim que o sangue sai do corte que fiz. Não é um sacrifício, muito menos um ritual. São memórias a serem deitadas fora. E é assim que eu gosto de as fazer desaparecer para sempre. Se dói? Nem muito nem pouco. Mal se sente. Mal se nota. Os pulmões gritam "pára". Ignoro-os. Quereis mandar no que não é vosso nem vos pertence? Estão à vontade. Fariam melhor se fossem vocês? Digam-me como fariam e nessa altura não precisarei mais de vocês para respirar. Podia-vos arrancar, mesmo quando vos adoro ter presentes no meu corpo, mas deixo-vos estar. Continuam a gritar...  Os seus gritos parecem música para os meus ouvidos...

Eu seguro o meu coração...
Poeticamente falando, nunca se foi embora, mas duvido que alguém tenha notado.

5 comentários:

  1. Então Oh My Fucking God! E aqui aplica-se ao mesmo! Estava e está fantástico. Adoro tudo aquilo que escreves, porque de alguma forma, acaba por ir de encontro aquilo que penso e não revelo. Eu e muitas outras pessoas...

    Sim, eu também já sofri por isso. Muito raramente fiz isso a alguém, porque já sei o que é sentir isso na pele. Evito ao máximo esconder aquilo que penso, sinto e faço.

    Quanto a este textinho maravilhoso Pedro, este paragrafo esta perfeito "As suas palavras permanecem nos pensamentos que surgem sobre ela (...) não sei que perna terei de erguer primeiro para subir estas escadas." Acho que nao poderia concordar mais. Temo em admiti-lo, mas estas sombras ainda me aterrorizam...

    Beijinho*

    ResponderEliminar
  2. 'Sei que o problema está dentro de mim'
    Bah o problema está sempre dentro de nós, não é?
    podemos negar, contrair, fechar os olhos e passar para o lado, a verdade é que se não o enfrentarmos ou pelo menos nao o encararmos nao sai de lá.
    Poderemos ainda ouvir vozes ternunrentas que o negam cegamente na esperança de ajudar, não ajuda.

    E é facil de encontrar, so e dificil de alcancar precisamente pelo problema estar em nós e nao o sabermos admitir e as pessoas ironicamente digam o que queremos ouvir e nao aquilo q precisamos de ouvir. :)

    Escreves cada vez melhor e mais cativantemente sabes?
    :)

    ResponderEliminar
  3. WOW!! Adorei acredita!
    O meu preferido!
    O sangue... que intensidade ele dá às coisas... então os pulmões, esses são os que mais choram de dor!
    O coração? Não acho que sofra, muito. Por vezes até lhe fazemos a vontade.


    "Faz o que te digo, não faças o que eu faço ;)"


    Beijos MM.

    ResponderEliminar
  4. Muito forte, intenso..gostei...

    pena so escrevermos coisas intensas fortes e marcantes quando o coração nos doi..parece que as veias pulsam mais as palvras e nos fazem expulsa-las.

    bom texto pedro..

    beijo solto

    ResponderEliminar