quarta-feira, novembro 11

Era um fantasma.


Não fomos feitos. Somos feitos. Eu posso escolher o que sou. Não preciso de ser assim. Não vou ser assim. Isto era aquilo em que me podia tornar. Na pior das coisas, tornei-me nisto. Com a vergonha, o medo, o receio, a noção de vazio que sentia. O mapa de perdido que continha no peito. Valente. Era aquilo que eu não era. Corajoso. Perdia tempo com as coisas que me davam mais valor, no que me dava mais vontade. Tudo o que era foi-se embora. Acabou o vazio em mim. Sou mais do que isto. E serei muito mais.

Era um fantasma. Foi-me amaldiçoado o dia em que nasci. Conseguirão ainda os meus olhos ver para lá da alma que permanece imóvel a auto-observar-se? Falhei no dia em que me deixei sozinho perante a multidão. Este horror. Estes demónios. Tudo porque eu queria ser o que na realidade não era parte de mim. Queria ser o melhor. Enganei-me. Enganei o meu coração, a minha cabeça, os meus olhos, fui o que pensava ser o melhor para mim.

O meu coração luta. Luta pelo sangue que corre nele. Neste quarto preenchido com uma vista vazia. Eu sei que não é o final. Será apenas um começo. Um começo que já deveria ter sido tomado à muito tempo.

Obrigado. Mesmo muito.

5 comentários:

  1. "Eu posso escolher o que sou. Não preciso de ser assim." Todos escolhemos aquilo que queremos ser. O que achamos correcto ser, o melhor que achamos ser para sermos felizes e fazermos quem gostamos, felizes!

    " Um começo que já deveria ter sido tomado à muito tempo." Porque o fim nem sempre implica novos começos. Poderá apenas ser recomeçar. Tornarmo-nos quem deveriamos ter sido, recompormos tudo o que devia ter sido, corrigir o mal feito...

    Quero acreditar que ainda é possivel começar de novo :)
    Adorei Pedro! Está excelente. Com tão pouco (comparado com o costume...) disses tanto!

    Beijinho*

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  2. Enquanto o teu coração luta, a tua alma vive e tu tens tudo para ser feliz !
    Como sempre, um óptimo texto

    Beijinhos*

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