segunda-feira, outubro 19

Quando alguém era tudo...


Doente comigo mesmo, mas não tenho mais ninguém. E por isso sofro apenas eu. É sempre a mesma coisa. Não me deixa dormir. É uma dor que me excita o corpo impedindo-o de ficar paralisado. Diria que era a fingir, mas é bem real. Como é que alguém pode dizer que é indefenso quando actua como invejoso? É dor que se sente mas não se vê. E alguma parte dela alimenta-se daquilo que mais vida me dá. Do coração. Crava-se. Penetra-me no coração sugando todo o seu suor, amizades, paixão, vivacidade. Pendura nas suas paredes, agonia, dor, angustia, dor de cabeça, choros e ranho à mistura.

Amor, aquela coisa que vai comendo aos poucos a alma de uma pessoa. Corta-nos por dentro. Faz-nos chorar. Acaba com relações. Acabando sempre da mesma maneira com que começámos. Tentamos sempre sorrir, sempre com aquele pensamento na cabeça: "Tudo irá ficar bem." Acabando por ficar tudo na mesma. Seja de qualquer maneira for. Tentamos sempre ser aquilo que o outro está desejoso de ver em nós. Odeia-nos por tudo e ao mesmo tempo por nada. Diz que sim, mas na verdade adoraria que as coisas fossem à sua maneira. Com uma pontinha de egoísmo. Se não o dedo todo.

Fraco. O que é o que eu fiz para merecer isto? Esta coisa que me deste em tempos continua a dizer-me aos ouvidos gritando bem alto: "Deixa-me arder!" Continuo a sangrar. O tempo está a alargar-se. Mas é o mesmo como sempre. Choro. Choro porque sinceramente sei qual foi o mal de tudo e esse tudo sou eu. Quem me dera ter-te encontrado mais tarde. E tinhas de ser logo a primeira. Foste a doença. A doença que veio matar o meu corpo. Por meio de felicidade escondida em cada gesto de traição de cada traço do teu rosto, traçado por cada sorriso deixado por ti nas minhas costas agarrando facas e pedras. Mantinhas-me anestesiado enquanto não sentia as picadas e as pedradas que me davas de uma forma indirecta e discreta.

Queria apenas um lugar para chamar de lar e um coração para chorar até decidir acabar. E eu sei que tenho coração, que sou forte, mas não merecia ter tido o meu coração despedaçado. Aquelas mentiras que mantinhas acesas em todas as discussões fizeram-me feridas nos pontos em que menos queria.

Olha o que fiz para ti. Nada no mundo era demasiado bom para ti.

És a minha dor!
E deixas-te de ser o sol!

22 comentários:

  1. quando nos deixamos apanhar pela dor que a palavra amor nos causa normalmente é preciso tempo para curar feridas que ficaram nas boas lembranças que guardaremos sempre.

    força rapaz, beijinho

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  2. E as palavras? Ah pois, meteram-se num buraco qualquer para eu só poder dizer: Está lindo Peter, fiquei de olhos colados ao ecrã =$

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  3. Vou ser sincera :| Este teu texto fez sentir-me culpada. Fez-me pensar em momentos, em facadas, em tristezas, quase que me vieram as lágrimas aos olhos :S

    Sempre aqueles textinhos maravilhosos...

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  4. Claro que vou sempre gostar. Eu já te disse muitas vezes que tens aquele jeitinho com as palavras. Não sei como o arranjaste mas presumo que seja um dom*

    Se era esse o objectivo, parabéns! Conseguiste surpreender mais uma vez, e encontrar alguém à muito escondido que se identifica com tudo isto...

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  5. este texto foste tu que escreveste?
    se foi a sininho, digo já de passagem que ela é uma grande amiga minha :) que anda na mesma escola que .. e já agora, um texto muito bom. MUITO.

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  6. oh, então desculpa :\
    mas gostei, está bem escrito. O sucedido desta confusão foi de que, a imagem que utilizaste é do deviantart da minha amiga! mais uma vez, desculpa :)

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  7. Acho que todos já passámos por isto, e nem vale apena meter-me aqi com clichés como 'segue em frente' ou 'sê feliz' Por isso vou apenas dizer qe gostei :$

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  8. Oh Pedrito tu deves ser o rapaz com maior crise de amor que eu alguma vez li.

    Um beijo

    A.Menina

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  9. parabéns pedro, porque conseguiste. :)

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  10. Não posso deixar de dizer que o texto é lindo e sentido... guarda-o bem guardinho que um dia vais gostar muito de o ler e reler... eu vou fazer o mesmo...

    Um beijinho
    Eduarda
    Be in ♥ love

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  11. oooh que fixe *.* uma foto minha a ilustrar um belo texto.

    gostei :D

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  12. eu acho belo!
    sabes porquê?
    porque exprimiste o que te ia na alma e no coração.
    foste "cruel", frio, impessoal...dizeste sem medo e sem rodeios o que achas e sentes!
    eu gosto desse tipo de textos :)

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  13. Tiveste o mundo a teus pés em tempos, tiveste a alegria, tiveste o amor bem presente. Mas deixaste ir, deixaste que esse amor pertence-se a outrem. O que ficou contigo ? Raiva e sofrimento. Admite. Eu sei o que sentes, sei o que pensas, sei o que queres fazer. Conheço-te, conheço-te até bem demais. Eu sei que isto foi um mero texto, se calhar nem pensaste em nada ao escreve-lo. Mas eu sei o que digo como também sei que é precisamente isto que vai na tua alma e pensamento.

    Elo.

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  14. olha, nem era para tentar fazer nada! gostei do texto, se n gostasse nem tinha dito :)
    escreves bem, sobre coisas verdadeiras... eu gosto disso!

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  15. «E tinhas de ser logo a primeira. Foste a doença.» não há maior verdade do que essa. os primeiros amores, não são eternos. são a doença. mesmo !

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  16. tocou mesmo este texto. o amor é definitivamente tão bom como mau, mas se nao fosse assim ninguem lhe daria a verdadeira importancia.


    Directo, sincero, forte...és definitivamente TU


    abraço gigante ^^

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  17. de certa forma sim, tens razao porque a vida, erros, e maus caminhos dos outros ensinam-nos sempre algo a nós mesmo que a vida não seja nossa acabamos sempre por sofrer com ela, por aprender com o erro dela, de viver com a vida dela, como dizes.
    É assim na amizade, e no amor mesmo que não queiramos a dor dos outros e a felicidade dos outros reflecte-se na nossa pessoa.


    E sim teras sempre a capacidade de surpreender disso ja nao duvido é algo que esta em ti e sempre estara.


    :)

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  18. foi a minha parte que analisei, no teu texto (:

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