terça-feira, outubro 20

Foi um sonho. Mas foi real o que eu senti!


Asphyxia of the Soul by ~ClassicCrimes
E então eles dizem. Dizem que o segredo está no dia em que estarei completamente desprovido das ajudas deles. E nunca saberei. Não me dirás nada até eu voltar a sentir-me de novo. Enquanto não for buscar a corda, enrola-la à volta do pescoço, subir e descer de uma cadeira sem em nada pensar. De forma rápida tudo o que aconteceu veio-me à cabeça, e fez-me confusão e comichões na nuca. E longe dos teus arrependimentos, dos teus sorrisos... Nunca saberei se estava certo ou errado. Se alguma vez iria fazer tudo bem, ou se te ia fazer feliz e esconder toda a agonia das minhas palavras, bem debaixo de um tapete. Devia comer as palavras que vomito na tua direcção. Adoraria permanecer aqui de corda ao pescoço, consciente de tudo, a pensar em tudo ao mesmo tempo. Nunca pensei tão rápido na minha vida. Nunca vi milhares de imagens a invadirem-me a mente. Alguém saberá porquê? Alguma coisa devo ter feito... Recordo-me pouco... Saberei lá alguma vez o que aconteceu naquele preciso momento, ali pendurado, calmo enquanto a corda se se vai contraindo como uma cobra. Até que... Perco os sentidos. Volto ao sonho. Pálido em que o calor do sol me bate na cara e me deixa sem palavras. Estarei vivo, ou estarei morto? Estarei as duas coisas? Com ou sem perguntas sei onde estou. Em mim. Dentro do meu ser.

Está na superfície da pele. Ali bem colocada, sem que ninguém lhe chegue a tocar. Se baixar a minha cabeça, as coisas irão certamente resultar a partir desse momento. Tenho pouca impressão que os meus joelhos irão aguentar com os ataques cardíacos lá dados bem em cima. Mostrando-me de que é feito o meu corpo. Assim como o meu pescoço de adolescente. Bastes-me onde me dói mais. Bates-me com as piores palavras que possas usar. E certificaste de que as ouço a todas sem faltar nenhuma, para que sinta o sentimento de cada palavra tua na minha angustia e dor que se quer libertar do meu peito. Tenta rasgar pelas costas dos meus pulmões passando para lá da coluna, partindo-a e abrindo caminho pela pele, até que sai em liberdade gritando que é dona, daquilo que é meu.

Tento sempre fazer o que está certo. O que é bom para os dois. Acredita em mim, não penses que te quero desiludir. Aqui o ambiente está pesado, vamos lá para fora, vamos respirar e pensar bem nas coisas. Um sorriso na cara, não te deixes iludir. Um sorriso no corpo, um verbo ser nos olhos. Limpo a casa de lágrimas. Causadas por um frio impetuoso. Da minha boca saem palavras que nunca ouvi. O seu significado é-me incógnito.

E eu sofro e faço sofrer tal como tu e eu. Não sou nada nem ninguém. Apenas mais um rapaz onde a falta de uma rapariga em condições fazia toda a diferença na pequena e simples vida. E até lá. Nunca saberei. Porque serei sempre o mesmo, independentemente de ter ou não rapariga. Algum dia será o fim de alguma coisa grande mim. E essa coisa talvez seja o orgulho. E já prevejo a minha queda sem nunca ter pensado nas consequências que poderão surgir antes dela.

Estou longe de ser o que ainda sonho cá dentro!
Foi um sonho. Mas foi real o que eu senti!

11 comentários:

  1. Cada vez me confundo mais nos teus pensamentos. Fico enbrenhada nos meus e tudo vira uma teia.
    Tens esse poder... :$

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  2. Os momentos em que leio os teus textos, aqueles em que a garganta teima em dar um nó. Saber o quanto me ajudaste e não saber como retribuir neste momento em que pareces precisar magoa, provoca em mim uma ligeira tristeza. Só quero que saibas que se quiseres estou aqui. :)

    Amei *.*

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  3. :'O ; há sonhos bem reias, é verdade.
    há sonhos que transparecem a terrível realidade, a péssima vida em que vivemos. eu bem tento esquecê-los e convencer-me de que não passam de sonhos, mas eles voltam todas as míseras noites.
    PEDRO!, adoro os teus textos :'O

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  4. Ora essa não tens que agradecer por nada.
    Eu é que agradeço por queres partilhar essas coisas connosco :)

    Concordo contigo.
    Devemos abrir o coração, falar, escrever, dizer!
    Estamos demasiado preocupados em esconder, ter tudo cá dentro e isso faz-nos mal.
    Por mais que custe dizer e até ouvir...devemos soltar tudo!
    No final acabamos sempre por nos sentir bem melhor.

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  5. "Bates-me com as piores palavras que possas usar. E certificaste de que as ouço a todas sem faltar nenhuma, para que sinta o sentimento de cada palavra tua na minha angustia e dor que se quer libertar do meu peito."

    "Tento sempre fazer o que está certo. (...) Da minha boca saem palavras que nunca ouvi. O seu significado é-me incógnito.

    E eu sofro e faço sofrer tal como tu e eu. Não sou nada nem ninguém. "

    Sinto (me) demais nestas passagens. Fazem abrir feridas passadas, fazem confundir e desaparecer-me na felicidade do agora. Fazem-me questionar se tenho realmente felicidade no agora... :(

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  6. Sim eu sei, não precisas de ajuda e as tuas tristezas passam sozinhas. Ainda assim quero que saibas que ha alguem aqui mesmo que nao precises. :)

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  7. Tenho uma pontinha de inveja destas pessoas que te fazem comentários tão complexos e com sentido. Mas eu, eu só consigo ficar de olhos colados ao ecrã a ler os teus textos, com um nó na garganta e a pensar 'este Pedro é mesmo, mesmo profundo e mesmo, mesmo espectacular' .

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  8. há sonhos, por vezes, demasiado realistas *

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