quinta-feira, outubro 29

Dos céus, descem os sóis.


simple. by =gloeckchen
E ali estão as estrelas. Bem expostas à luz do sol, que se intensifica e se per-longa pela noite dentro. Aquece-lhes a alma. E apetece-me tocar-lhes. Sinto-lhes os cânticos, os calores dos seus corpos, as suas mãos velhas estagnadas de conhecimento e sofrimento. Nos seus olhos, velhos dos anos passados, saem pequenos poemas, pequenas letras, acompanhadas de um choro tranquilizante. Carregam a sua alma durante a noite...

«Canta uma música, uma música que mostre, o ardor do meu peito, sobreposto em gritos de agonia, mostrando aos que eu amo, que o valor que terei por eles, irá permanecer para sempre.»

Observas-me ao longe, desvalorizando a vida que levo, desmanchando as linhas de pensamento que sobem pelo ar, em efeito de serpentina colorida e enfeitada de pequenas fitas compostas com as cores do arco-íris. E tu gostas, mas não aceitas que seja uma coisa minha. Que saia do meu corpo. E então estragas o que faço com facilidade, e o que tu demoras tanto tempo para fazer. Para a tornar tão bonita e especial como as minhas. Glória, eu procuro isso, tal como tu. Ter alguns momentos bons e maus, dentro dos possíveis imaginários resultantes dos pensamentos e de vivências que se tem ao longo da vida... Mas por alguma razão continuas a negar-me. A evitar alguma parte de mim. Ou porque tens medo, ou alguma outra coisa pior. Adoras-me, só não és capaz de o dizer, pois esse teu orgulho, essa tua glória que tanto persistes em manter diante de ti todos os dias, vai-te gastando e retirando um bocadinho do que és todos os dias sem que chegues a notar, e eu sinto pena por ti. E irei sempre ter o gosto e o prazer de te dar abraços, grandes ou pequenos, de compor e cantar melodias melódicas, embalando-te a ti e aos teus ouvidos. Sei bem, que um dia serei tal como tu, distante e doente do próprio ser, onde a inveja se irá apoderar de mim, e os ciumes serão a base de discussões em relações amorosas. Onde o amor, viverá aprisionado nalgum lugar fora do coração, escondido das mãos alheias, e as de minha própria alma. As lutas serão constantes, se bem que num fundo, bem guardado, permanecerá aquela pequenina bola de luz, que irá fazer tudo rejuvenescer e voltar ao fantástico e anormal mundo, vivido com aquela harmonia nos pulmões, os gritos de alegria nas cordas vocais, a adrenalina corrida no corpo, enquanto que o silêncio se fazia ouvir à porta de cada um dos meus ouvidos. Tranquilo, observando um por de sol magnifico, encostado a uma velha árvore centenária, que partilha os mesmos desejos que eu. "Pudera eu viver para sempre, assim como o sol, e permanecendo aqui, deslumbrarei para sempre o seu brilho."

Um dia, quando for a minha vês, desejo sem mentir, ver o inicio de tudo, muito lentamente.

Dos céus, descem os sóis. Sinto-os de perto...

13 comentários:

  1. "Pudera eu viver para sempre, assim como o sol, e permanecendo aqui, deslumbrarei para sempre o seu brilho."

    Lindo, Peter, Lindo *.*

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  2. " As lutas serão constantes, se bem que num fundo, bem guardado, permanecerá aquela pequenina bola de luz, que irá fazer tudo rejuvenescer e voltar ao fantástico e anormal mundo, vivido com aquela harmonia nos pulmões, os gritos de alegria nas cordas vocais, a adrenalina corrida no corpo, enquanto que o silêncio se fazia ouvir à porta de cada um dos meus ouvidos"

    Adorei esta parte... Reflecte muito bem o rebuliço que tem andado dentro de mim, ultimamente. Excelente Pedro*

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  3. ficou meio estupido, mas não deu para mais xD
    de nada, gostei mesmo mesmo do que escreveste. :)

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  4. Sinceramente já não sei se vale a pena deitar tudo cá para fora... A distância limita tudo e às vezes não ouvem o que realmente queremos dizer porque não estão connosco... :$ Já nem sei o que lhe dizer para me fazer entender...


    Gosto muito quando tens esse efeito em mim (a...
    Consegues dizer coisas que nem eu própria me atreveria a admitir em palavras (apenas em secretos pensamentos) :)

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  5. É normal, quase ninguém repara. Por norma aparecem uns ou outros que limitam-se a elogiar o texto em geral, mas há poucos que prestam atenção...

    ah, essa tua última frase matou-me "Dos céus, descem os sóis. Sinto-os de perto...", brutaal! :)

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  6. Pedro, eu também nunca acreditei em relações amorosas à distância. Acho que é preciso uma base muito forte de sentimentos para que possa resultar em alguma coisa realmente duradoura. E mesmo assim fica dificil lidar com os vários factores envolvidos na relação. É mesmo muito improvável. Há pessoas que me bloqueiam. Eu gosto de ser simples, directa, verdadeira. Sempre o fui! Com toda a gente. Mas há pessoas que não sei como, conseguem virar-me do avesso. Tornam-me incapaz de tudo e nada. Fico sem a minha reacção própria como se me engolissem em todos os segundos... Dá-me uma raiva. E não percebo porque é que isso acontece :$

    Quanto ao teu magnífico dom, posso dizer que tenho vindo a aprender muito contigo. Ler-te faz-me ver as coisas de diferentes maneiras. Tu e mais alguns companheiros de blogosfera dão-me várias perspectivas da escrita que me fazem amadurecer. Os meus não passam de meros devaneios e pensamentos interruptos. Não têm qualidade nem substância. Mas pronto, vou tentando dar o meu melhor... Aprendo com os erros e tento emendá-los.

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  7. Pedro, confesso que contigo e os teus posts eu fico sem saber que dizer, sinto que qualquer frase é banal para tanto encanto.
    Mas cá vai, está subtil, profundo, marcante. É mais uma história de sentimentos, verdadeiros sentimentos atenção. É o início, é o meio, é o fim. É o sentido das coisas. E nas tuas palavras, tudo fica melhor.

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  8. sim, está totalmente optima :)

    ahah, ainda bem que lês :p

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  9. gostas de tudo tim-tim por tim-tim x) ; não sei, usas as palavras certas, pareces Camões que hesitava qual delas ser a melhor para enquadrar na sua querida métrica.

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  10. É sempre bom um escritor ver o seu trabalho elogiado, é pena é que por vezes seja tarde demais ou nunca mesmo venha a ser "recompensado"... Vou tentando, com passinhos de bebé crescer como pessoa e fazer aquilo que gosto.

    Obrigada pelas tuas palavras, por muito "poucas" que tenham sido, ajuda ouvir ou ler alguém que não esteja connosco e dê a sua perspectiva das coisas. És sempre um encanto, Pedro dos caracois :)

    P.S.: Talvez seja melhor abrires um consultório de Psicologia para aturares estes meus desabafos... xD

    Ficarei sempre de pé a aplaudir-te :)

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  11. Que texto +.+
    Palaras para quê?
    Escreves muitissimo bem, mesmo.
    Beijinhos

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