sexta-feira, setembro 18

Não tenho medo de morrer velho, tenho medo de não te ter dito tudo.


Quando me esquecer da tua cara, irei pelo menos conseguir lembrar-me do que aconteceu? Mesmo que não me lembre de quem eras? Dos momentos que ficaram, ou que pelo menos, penso que ficaram. Cá dentro para os recordar. Sem caras, nem expressões, apenas pedaços do tempo que ficaram parados para sempre. O minuto que acabou de passar está agora parado. Não vai nem vem, não desaparece nem se fica. Está parado como a alma morta do meu ser.

Respira comigo. Pelo menos tenta. Não te conheço bem, mas quero que respires comigo e que me dês a tua mão. Quero-a sentir. Sentir a suar. Enquanto vamos caminhando sobre as pedras que formam a escadaria para o novo patamar da vida.

Morres nos meus braços. Não vou fazer declarações. Nem gritar ao mundo, pelas mil razões que tinha em que não me ficasses paralisada nos meus braços hoje de noite, enquanto a chuva nos toca e nos enche de frio, retirando de nós todos os odores que os nossos corpos têm. Acordando na minha cabeça, pensando no que passou, com o coração a sentir mais do que queria que senti-se. E vejo agora, onde o amor quer chegar.

« O Amor: Ele não se sente. Apenas fica irreal e é aí que se faz aparecer de forma agradável. »

Não me quero esquecer de ninguém, nem das caras que me preenchem os álbuns de fotografias que guardo com cuidado dentro do enorme buraco posicionado no meu coração, bem abaixo do sentimento, ainda envolto em plástico, por nunca ter sido realmente usado. Replecto de pó. Está virado para a janela. Todos os dias recebe o seu bocadinho de sol que o deixa feliz, mas triste por não lhe poder tocar com as mãos. Torna-se escravo do que não quer viver. Quero ficar velho e ainda poder escrever textos tão belos como este. Tão triste e alegres como os que hão-de vir. Tão mágicos e criativos, como os que pairam dentro de mim. E pedir só mais um minuto no leito da minha morte, para poder sonhar por um bocadinho, acabando com o resumo da minha vida, numa folha de papel colocada ao meu colo, para embrulhar a magia das palaras até onde eles me irão fazer falta. E aí, sentir o mundo com os olhos e as mãos mais uma vês. (Fez-me chorar... À muito tempo que não chorava com esta intensidade.) Cada gota que de mim sai, é banhada num enredo misterioso dando-lhes vida. Sinto-me como uma criança, e o choro é como uma mãe a dar-me colo.

Não tenho medo de morrer velho, tenho medo de ainda não (te) ter dito tudo.

5 comentários:

  1. Queres que seja sincera, mesmo sincera?
    Um nó na garganta, um aperto no coração. Não há palavras, para a tua escrita, para os sentimentos que transmites. E se houverem são pequenas, muito pequenas para poderem descrever tudo o que senti e sinto quando leio e releio o teu texto vezes sem conta. Poderia não sentir o que estou a dizer, mas é mentira. Simplesmente não consigo explicar o que sinto.
    Poderia contar-te os mil desejos que vão no meu pensamento neste segundo, mas tenho a breve sensação de que os sabes a todos sem que te tenha de dizer nenhum.

    Dizer que amei o texto já não chega. *.*

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  2. Só esquecerás essas caras se essas pessoas no fundo passaram-te ao lado, porque tudo o que é vivido com intensidade não se esquece.
    Eu nunca direi tudo, mesmo que morra velha. Há sempre algo que fica por dizer...

    Elo.

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  3. está lindo sim, e este aqui... BOLAS QUE COISAS MAIS BONITAS! *.*

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  4. às vezes não percebo como consegues transmitir tanto.
    porque tenho esse medo também.

    e o que é q eu adoro que não devo? :p

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  5. HAHAHA, desculpa. mas não é a minha. é da margarida rebelo pinto. apesar de que já confundiram alguns textos meus com as ideias dela. xD
    ELA É A MELHOR DE TODAS, aconselho a leres... já que gostaste. :)

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