quinta-feira, agosto 27

As minhas almas...

Puregateorgy-"e-e-g" by ~Anemiasymptom

Há algo neste quarto que me deixa com os cabelos bem chegados à pele. A minha mente distorce momentos e comportamentos, fazendo-me esquecer de certas coisas, muitas delas importantes. Faz-me acreditar de que muitas as coisas que imagino na minha mente, e outras que sonho, são realidades. Realidades que aconteceram na minha vida. Tenho um momento esquecido por cada cabelo no meu corpo. As distancias são bem calculadas, os erros são medidos ao milésimo, enquanto que as pessoas são medidas de qualquer forma e feitio. A única pessoa que não consigo perceber... Sou eu. Por muito que escreva, surgem sempre as mesmas respostas, e sei bem que estas não são as verdadeiras, que algo se esconde atrás destas, impedindo-me de ver com clareza que coisa é esta que não me faz sentir aliviado de algum tipo de stress, pelo qual tento desesperadamente compreender. A minha mente diz-me que não tenho nada e que faz tudo parte da minha imaginação, mas eu penso: Será? Que provas tenho? Aceitar o facto de que não tenho, mesmo sabendo que posso ter e ignorar?

Algo me perturba o pensamento... Torna-se em ilusão, fazendo com que me veja consecutivamente ao espelho de uma determinada maneira, em que me agrada o que de mim vejo. Algo belo, mas ao mesmo tempo, algo doentio. Algo malévolo está ali. Bem naquele olhar, de um verde acastanhado. Faz o meu olhar prender-se no seu próprio meio, na tentativa de desvendar o que ali se passa. O que vai na mente naquele momento. Quais as palavras que conseguiram descrever aquilo que está a sentir. Aquele olhar que comunica comigo, ao mesmo tempo que lança um sorriso cínico e aconchegante com uma vertente demoníaca. Não é imaginação alguma meus caros. Estou a descrever tal e qual como é. É pura realidade descrita em palavras menos ou muito ousadas.

Sinto uma presença naquele olhar. Aquele sorriso que me faz sentir diferente e ao mesmo tempo esquisito e com arrepios atrás da nuca, que corre toda a minha coluna, vértebra a vértebra. Criou-se um desassossego dentro de mim. Sinto-me agora capaz de dizer parcialmente o meu problema. Estou viciado em pensar e estar constantemente a escrever. Numa tentativa de alcançar outro estado mental e de escrita descritiva. Sinto-me obcecado pela escrita. Tenho de parar imediatamente. Mas estou-me a sentir tão bem. Tem sabor de conforto e de vazio ao mesmo tempo. É como ver paisagens belas. Parece que tenho livros dentro de mim, à espera de um dia saírem, e a escrita de mil escritores ser aquela que ostento neste preciso momento. Tanta imaginação, tanta criatividade, tanta perspicácia e talento numa só pessoa. Um rapaz que escreve tão bem, ou pelo menos, que adocica e cativa a visão e mente de quem lê o que escreve. Como consegues? Como consigo? Como é possível? De onde vem tudo isto? A minha alma já se quer matar. Não quer ouvir mais perguntas. Não quer fazer mais nada. Quer apenas dormir.

Alguma coisa não está bem. Faz-me crescer. Dá-me arrepios, isto...


E agora um pouco de uma história, da qual quero fazer um livro.
Inês, acorda! - Diz a sua mãe com o tabuleiro na mão, de cara exausta.
Inês?! - Diz novamente já indignada.

Esta pousa o tabuleiro e dirigindo-se às persianas de um roxo forte, dando passos acelerados, afasta-as como se lhe medo tive-se. Deixando o sol apoderar-se do quarto de Inês, desceu até à cozinha, por onde se deixou ficar.
Inês, abrindo os olhos, em direcção ao relógio digital de cor vermelha, visiona os números que nele aparecem. Marcam 10:10. Óptima hora para acordar. Repara no tabuleiro que a sua mãe tinha deixado à bem pouco tempo, mas nem lhe liga nenhuma. Dobra os lençóis para o lado em jeito de carinho por eles e levanta-se virada à casa de banho, onde olhando-se ao espelho, se pode reparar que tem umas enormes olheiras, e o cabelo completamente oleoso e a cheirar a álcool. Lava a cara, tentado-se lembrar do que fizera ontem de noite, mas por alguma razão, não se consegue lembrar de completamente nada.

Continua...

1 comentário:

  1. essa história faz-me lembrar um pouco da conversa que tivemos ontem...

    Elo.

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