Deixa crescer...

2 by ~przypadek

Deixa crescer... A raiva, a tristeza o rancor que te impede de ver o que está para lá do par de asas que te elevam no ar. Todas aquelas memórias tristes e repletas de sentimentos vindos de um lado misterioso. Todas aquelas mentiras que inventas à pressão para apenas teres controlo da situação por mais um tempo. Todas aquelas alegrias perdidas, e todas as tristezas desmedidas que não sentiste. A sensível parte de ti que morre por não alojar nada sensível.

Pega no coração, dá-me a mão, vamos sair daqui. Já me está a esfriar a minha arrepiada alma. Estou farto de estar aqui parado sem nada para fazer. Vamos correr. Começa a correr, vamos ver quem consegue por o coração a bater mais depressa que o coração do outro. Vamos saltar de alturas minúsculas arriscando os nossos frágeis tornozelos, obrigando o estômago a sentir agonia continua no seu tempo limite de sensação que faz esvoaçar todo o ar dentro dele. Pode até ser um sonho, mas vamos fazer sentir um ao outro a emoção que o coração quer sentir. As batidas continuas deste nosso pequeno amigo. Vamos sair daqui. Pega no teu coração...

Deixa crescer... A vontade de viver, o amor, a alegria que nos passa através do corpo e de todos os nossos tecidos musculares que nos constituem. Por muito que não te consigas fazer adormecer nas mais calmas noites de verão ou qualquer outra noite, acorda e respira fundo levanta-te e grita silenciosamente que o mundo amanha estará a brilhar novamente. Não marques horas no relógio. Não precisamos de horas para onde vamos agora. Fecha os olhos e imagina o teu respirar a cortar todo o som existente na noite em que adormeces. Por todos os preços que existam para ser pagos, a música é a única que consegue pagar os teus lindos momentos revivendo-os vezes sem conta.

Deixa crescer... O coração que ainda nem idade tem para sentir. A falta de experiência que falta ser sentida no canto mais obscuro. Toda a tralha e sujeira acumulado ao longo de cada relação nos seus curtos anos de vida que ainda lhe falta. Todos aqueles cortes que faltam sarar, todos aqueles que ainda não foram feitos, algum dia será feito, por agora não te precipites demasiado . Não queiras sair a arder em febre e com a doença chamada amor. Talvez a pior delas todas. Essa coisa, anda às voltas, volta sempre ao mesmo sitio, ele imagina a perfeição e não vê a imperfeição. Cria o mundo imaginário e nem te darás conta de que o que estás a viver é uma irrealidade confeccionada por ti no teu ínfimo interior. Fará ouvir, muitas vezes e outras não, certas coisas que nem chegas a perceber o porquê da sua razão. E cada um tendo a sua alma gémea à espera com o coração calmo e palpitando as mais imagináveis forças da natureza, refrescando continuamente a boca com os beijos insaciáveis de quem ainda não lhe chamou de alma gémea. Acalma-te, segue os sonhos brandos e revolucionários da tua vida, ele estará sempre para te ajudar a apaixonar por quem menos esperares.

Deixa crescer... A mágoa que está cravada nas paredes das tuas costas. Odeia as falas de quem não te arrependes de odiar. Segue em frente, e atira-te contra todo esse amuo interior, todo esse desmedido comportamento desnecessário fora de ti. Monta as palavras que precisas de dizer, todas as frases que esperas escrever. Todas as mentiras que estás prestes a fazer desiludir aqueles que mais esperam de ti. É tudo tão falso. É altura de gritar e virar as costas a tudo o que te faz delirar. Para onde quer que vás a culpa persegue-te. Deixa-a em casa, da qual pagas-te ontem a renda.

Deixa crescer... A negra alma que já morre.