terça-feira, junho 2

Fui um boneco de plasticina

voodoo by ~vanilla-tapes

Esqueço o meu nome, quando olho para dentro de mim. Os toques das pontas dos meus dedos nas feridas deixadas por ti. Vejo o que é preciso fazer para te deixar a sangrar. Há qualquer coisa a correr-me nas veias. Mudam de cor à tua passagem. Está nos teus olhos. Ajuda-me a levantar. Gritas tu com o coração colado à garganta já arranhada de tanta gritaria. Gritas como uma criança. Pensava que eras mais do que uma rapariga, mas enganei-me. És uma criança.

No meu quarto só existe espaço para o som que sai das colunas. Sai música que nunca ouvis-te. Se tentares pela segunda fez, olha nos meus olhos, e vê que já não fazes parte de mim. Não há nada entre nós. Tudo morreu. A culpa foi toda nossa. Não me tentes mudar, não tenhas medo de mim, porque eu estou preso na multidão imaginada por mim. O relógio do meu pulso, não pára. Ainda tenho o odor dos teus cabelos e o sabor dos teus lábios entranhados no nariz e nas mãos.

Tira-me fotografias, vive com elas, rasga-as, queima-as, apaga-as. Corta a minha cara e coloca a do teu novo amor. Nunca te irás esquecer de mim. A meiguice que um dia tive por ti, tenho agora bem escondida e guardada de ti. Para que tu não te aproveites de tudo o que eu um dia te dei. Não penses que irei voltar a tocar nos teus seios, passar as mãos nas tuas pernas e coxas, nas tuas mãos e braços, no teu peito e costas, beijar e acariciar-te a cara que me dava um sorriso. Apenas a cara. Nada é irreal. É tão real como aquilo em que acreditas e fazes. Faz e volta a fazer aquilo que achas que está certo para ti.

Engole estas promessas que proferiste perante mim. Continuo a olhar para trás, na esperança de nunca mais te ver, de te perder no meu pequeno coração para sempre. De tantas vezes que caí, desta não te irás tu conseguir levantar. Eu sei, desculpa, eu fui o único que deu aquilo que não esperavas receber de alguém. Alegria com paciência.

Sim. Fui o teu único boneco de plasticina até um certo ponto de tudo.

3 comentários:

  1. =/

    Gostava de ter metade da tua força e coragem para a esquecer assim =(


    Força *

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  2. "Não me tentes mudar, não tenhas medo de mim, porque eu estou preso na multidão imaginada por mim. O relógio do meu pulso, não pára. Ainda tenho o odor dos teus cabelos e o sabor dos teus lábios entranhados no nariz e nas mãos.

    Tira-me fotografias, vive com elas, rasga-as, queima-as, apaga-as. Corta a minha cara e coloca a do teu novo amor."

    o primeiro excerto é semelhante ao que lhe disse a algum tempo atrás. Como palavras dessas pareciam chamas a sair de mim.
    O segundo doeu .$

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  3. "Engole estas promessas que proferiste perante mim. Continuo a olhar para trás, na esperança de nunca mais te ver, de te perder no meu pequeno coração para sempre. De tantas vezes que caí, desta não te irás tu conseguir levantar. Eu sei, desculpa, eu fui o único que deu aquilo que não esperavas receber de alguém. Alegria com paciência.

    Sim. Fui o teu único boneco de plasticina até um certo ponto de tudo."

    este texto parece que são lâminas que me perfuram os olhos a cada paalavra que leio. Pontadas. As tuas palavras relatam tanto do que se passou comigo pê. "Não sou plasticina para moldar" passava horas a dizer isto, a tentar embalar-me quando não conseguia simplesmente parar de chorar. E isto foi somente aquilo que eu nunca tive coragem para lhe dizer. E a mais pura das verdades acerca da nossa não-história.
    Adorei. São estas as palavras que um dia deveria ter-lhe dito.

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