sexta-feira, abril 3

Quém és no meio de mim?

Quem és tu? Quem és tu ó mente que me deixa pasmado virado de costas para a janela. A janela que me mostra o mundo todos os dias de uma maneira diferente? Quem és senhor? Quem és minha mãe? Que farei sem vocês? O que serei, se não vos tiver. O que sou eu para ti? Serei alguém? Um simples alguém, talvez.

(A alma a falar para a mente)
Sonho, leio. Fico cansada muito depressa.
- Vai brincar, pular e dançar.
Hoje quero dormir. Não quero sonhar, que me faz ver coisas extraordinárias e confusas.
-Tu sonhas acordada.

Não quero ver,
Que me faz dor.
Como se de um ardor,
Quisesse crer.

Que morra ou não.
Mate-me se quer.
Que me leve o anjo.

Tirem-me o nome.
Que fiz eu? Para merecer tal consciência? Não me quereis perdido nas malhas do destino imperdoável? Que fiz eu, para merecer esta dor de conhecimento que me atormenta e atrapalha a alma de cada suspiro reflectido contra uma parede branca, pálida e sem calor? Que fiz eu? Porque mereço tal consciência? E este ofuscante luz que me desvia a cada piscar de olhos, que me revira, que me trás novos passos a esta vida sem rumo e sem tempo. Quem és tu, o responsável por tudo isto? Que faço agora para mudar? Para tirar aquilo que ao meu mundo me troces-te? Que faço? Responde-me. (Choro) Ó tu, que me levas a alma do coração e o reparo do tempo nas memórias em que reflicto dia e noite. Tira-me deste desassossego constante. Tira-me esta espada que me fere o peito e me trespassa o coração. Responde-me. O que fiz eu para merecer tudo isto? Toma, fica com os meus olhos. São teus. Tira-me tudo o que me deste. Deixai-me nua e branca como a alma que nasceu de mim, comigo. Tirai! Perdoai-me.Que faço eu? O que digo? Desculpai-me! Não foi por mal. Quero depreender de toda esta amargura interior desvanada pelo vento que me bate na face e me liberta do pó da semente do meu girassol interno. Matem-me. Eu quero de volta a inocência e o desconhecimento da minha alma. Por favor. Suplico-lhe. Com amor. vivi com o conhecimento nas mãos, e a passarem como barcos dos deuses. Mereço isto? Merecerei mais? Que quereis com tudo isto? Que aprenda? Com o quê? Quero saber. Responda-me. Quero saber o porquê. É tudo tão injusto.

O que serei eu sem ti? O que seria se não te tivesse? Quem era eu? O que era eu?
Quero deturpar todo este conhecimento. Quero um novo. Ou talvez uma ainda melhor. Quero mudar. Quero viver. (Suplica, ajoelhando-se) Quero perde-lo, mas ao mesmo tempo... Quero conte-lo. Mante-lo dentro de mim. Ser egoísta. Que ninguém saiba o que nasce cá dentro. Quero-o todo para mim. Mas ele faz-me sofrer. Transforma-me, despedaça-me, deixa-me num canto a sofrer, todas as vezes que mexo os meus olhos, a cada momento do meu respirar. A cada pedaço de saliva que engulo. Quero... Quero viver sem preocupações e desassossegos de alma. Quero-o. Quero muito isso. Percebe?

Como posso respirar, se o meu interior já está poluído com este, com este vazio que tanto é. (O conhecimento) Quero. Quero ficar sem ele, ou com parte talvez.(Suplica olhando para o chão)

Poderei confiar em si? (Agarrando-lhe a mão)
Poderei?

(Voltando-se para ele e perguntando-lhe com voz de curiosa)
O que sou eu para ti?


Pedro Mota - Direitos de Autor.

1 comentário:

  1. Parabéns Pedro, está mesmo excelente!

    Bom fim de semana .. Beijinho ***

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