domingo, novembro 9

216

Ponho a bala na testa.
Reviro os olhos repentinamente.
O som deixa de ser nítido.
O coração deixa de bater.
Começo a ficar frio e rígido.
Todos os meus sentidos morrem comigo.
O último pensamento surge.
Estava disposto a voltar com tudo atrás.
Mas não tinha como o fazer.
Não chorei, não agi, apenas ouvi.
Apenas me passou uma imagem à frente dos olhos.
Aquela imagem nítida.
Desapareceu. Fugiu de mim.
216. Um número morto.
Tenho pena por não ter dito.
Não ter dito...

Não vou cair mais uma vez.
Isso é para os anjos.
Vou-me levantar, atar os atacadores.
Erguer a cabeça, desanimado, com um falso sorriso na cara.
Uma falsa alegria, uma falta felicidade nos olhos.
Depressão profunda verdadeira.
Fingir que tudo está bem.
Enterro-me bem fundo.
Enterro tudo o que era.
Tudo o que fui, o que fiz.

Tudo o que fiz, tudo o que disse...
Parece que não valeu a pena, não valeu a pena, eu pus tudo em segundo lugar e apenas aquela pessoa em primeiro, das primeiras coisas na minha vida. Mas afinal estava errado.
Tudo parece desaparecer, tudo está lentamente a ir embora. Já não quero falar mais sobre assunto nenhum.

Fartei-me de dar amor a um mundo que nunca mereceu a minha existência.

Sem comentários:

Enviar um comentário